Estação de metro do Terreiro do Paço com infiltrações

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Construção da estação de metro do Terreiro do Paço demorou dez anos Catarina Oliveira Alves/Arquivo

A estação de metro do Terreiro do Paço, em Lisboa, tem água e lodo espalhados pelo chão, na entrada que dá para o Cais das Colunas. A lama é visível no chão, junto às paredes do túnel de saída, cuja tinta está já bastante corroída pela humidade. A Metropolitano de Lisboa colocou fitas que isolam a zona afectada e um papel a avisar do “piso escorregadio”, no qual pede “desculpa pelo incómodo”.

Segundo a informação avançada hoje pela SIC, a entrada de água é visível também dentro da estação e na parte inicial do túnel que vai até à Baixa-Chiado. A estação cita um engenheiro civil que conhece a obra e que se mostrou preocupado com a situação. O especialista afasta, porém, a existência de perigo imediato, mas diz que estes danos podem reduzir o tempo de vida da estação, caso não sejam resolvidos de imediato.

Contactado pela SIC, a empresa disse ter conhecimento da situação, que está a ser “regularmente controlada e acompanhada”. A SIC diz ainda que a empresa reconheceu a existência de pequenas fissuras no acesso público junto ao rio da estação do Terreiro do Paço, mas que não há perigo de segurança para os utentes, estando também a ser planeadas intervenções para minimizar a situação a curto prazo.

Ao PÚBLICO, a assessora de imprensa da Metro disse que a empresa deverá emitir um comunicado ainda hoje a esclarecer a situação.

A estação foi inaugurada há apenas três anos e meio. A obra arrastou-se durante dez anos depois de um aluimento de terras que colocou em causa toda a estrutura, e foi marcada pela polémica.

Em 2006, Carvalho dos Santos, um engenheiro civil do metro, enviou um relatório à comissão parlamentar de Obras Públicas, Transportes e Comunicações no qual denunciava que, em caso de entrada de água no cascalho e de entupimento simultâneo dos sistemas de drenagem, a base de assentamento dos carris poderia ser danificada, criando riscos para a segurança. A denúncia deste técnico apontava em particular a existência de falhas na construção dos túneis do Terreiro do Paço, Baixa-Chiado e Cais do Sodré.

Nessa altura, o então presidente do Metropolitano de Lisboa, Mineiro Aires, e o vice-presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Carlos Pina, visitaram o túnel do Terreiro do Paço e concluíram que a segurança da infra-estrutura estava assegurada.

Questionado insistentemente pelo deputado social-democrata e engenheiro civil Luís Rodrigues, Carlos Pina admitiu que as inspecções tinham sido feitas "por amostra", não tendo sido "comprovado ponto a ponto" que na base dos túneis haja betão poroso e não cascalho. Mas acrescentou que relatórios produzidos pelo LNEC em anos anteriores "não indiciam" a presença desse último material, frisando que mesmo que a sua existência fosse provada "a questão era irrelevante do ponto de vista da segurança estrutural".

Os deputados da comissão esperavam um novo relatório do LNEC para esclarecer todas as dúvidas, mas desde então o relatório não foi, pelo menos, tornado público.

Notícia actualizada às 17h35
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