Exposição antológica de João Penalva estreia esta quinta-feira na Gulbenkian

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A exposição retrospectiva contempla obras de fotografia, vídeo, texto, pintura e escultura do autor Rui Gaudêncio

As histórias inventadas ou reais que atravessam o universo artístico de João Penalva, onde o texto e a imagem estão quase sempre de mãos dadas, podem ser descobertas a partir desta quinta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Intitulada “Trabalhos com Texto e Imagem”, esta exposição antológica com as referências fundamentais da obra deste artista, vai ser inaugurada esta quinta-feira, às 18h30, no Centro de Arte Moderna (CAM) da Gulbenkian.

As fotografias, vídeos, textos, pinturas e esculturas do artista ocupam praticamente todo o espaço do CAM, excepto a área da exposição permanente, disse aos jornalistas Isabel Carlos, directora do centro e curadora da mostra, durante uma visita guiada à comunicação social com a presença do artista.

Fotografias em grande formato de flores japonesas, um vídeo com a natureza escondida pelo nevoeiro, e imagens de vias rápidas em Tóquio construídas nos anos 1950 e 1960 - uma visão do “futurismo que envelheceu”, segundo o artista, introduzem o visitante num mundo em que os mecanismos da percepção e interpretação são permanentemente questionados.

Esta é a maior exposição realizada até hoje em Portugal sobre o artista, nascido em Lisboa, em 1949, e a residir há mais de 40 anos em Londres. Por isso a língua inglesa acompanha sempre a portuguesa nas legendas e nos textos.

As múltiplas facetas do trabalho de João Penalva - desde a pintura dos anos 90 até às instalações e filmes que criou a partir do final dessa década - vão percorrendo os espaços do CAM, e exigem tempo ao visitante, não só para olhar, mas também para ler as histórias inventadas ou reais que o artista selecciona para acompanhar imagens ou objectos.

A exposição “não está em modo cronológico, antes os vários momentos da obra misturam-se”, indicou Isabel Carlos sobre o percurso.

Uma das obras mais impressionantes na sua dimensão é “Arcade”, concebida em 2000 para a Fundição de Oeiras, e que nunca mais foi mostrada ao público: um grande corredor criado por duas paredes brancas onde imagens e textos se juntam para contar histórias ou descrever paisagens e pequenos elementos nas ruas, como por exemplo os relógios, objectos da preferência do artista por estarem associados ao tempo.

Na obra criada propositadamente para a exposição, João Penalva regressa ao bidimensional com uma ficção a que deu o nome de “A gerência lamenta”: uma cadeira usada substituiu a original numa parede de museu.

“Trabalhos com Texto e Imagem” - que ficará patente até 2 de Outubro na Gulbenkian, e seguirá para a Kunsthallen Brandts, na Dinamarca, em 2012 - remete para as referências fundamentais da obra de João Penalva: o teatro, o cinema, a narrativa e o texto.

João Penalva está representado em várias colecções privadas e públicas, entre elas no Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago de Compostela, no Centro de Artes Visuales Helga de Alvear, em Cáceres, no Arts Council England, em Londres, na Caixa Geral de Depósitos, no CAM, em Lisboa, e na Fundação de Serralves, no Porto.

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