Diana Nyad vai nadar 60 horas entre Cuba e Flórida no meio de tubarões

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Uma corrente oceânica levou Nyad a interromper o mesmo trajecto em 1978 DR

Em Agosto, Diana Nyad, 61 anos, vai atravessar a nado o Atlântico, entre Cuba e Florida. A atleta veterana tem como objectivo percorrer 165 quilómetros em 60 horas. Se atingir a meta, Nyad superará o recorde mundial de nado em oceano, sem jaula, conquistado pela própria em 1979.

Diana Nyad é nadadora de longo curso há cerca de 40 anos. Por um quilómetro, vai fazer-se ao mar com o objectivo de se superar. Trinta e três anos depois de ter percorrido 164 quilómetros de oceano – sem jaula a protegê-la de eventuais correntes oceânicas e de tubarões – de Bimini, no arquipélago de Bahamas, a Júpiter, também na Florida, Estados Unidos, Nyad quer atingir uma meta antiga.

Em 1978, a nadadora tentou fazer a ponte, por mar, entre Cuba e os Estados Unidos - dois países divididos, então e agora, por um embargo económico, decidido em plena Guerra Fria –, mas uma forte corrente oceânica fê-la desistir da maratona após 80 quilómetros e 41 horas e 49 minutos de esforço físico. À altura, foi auxiliada por uma jaula. Em Agosto, vai tentar o feito sem grades. E é essa novidade – enfrentar os tubarões sem protecção – que a fará ultrapassar a façanha de uma nadadora australiana que, em 1997, efectuou o mesmo percurso em apenas 24 horas, mas enjaulada. Com um barco a puxar a jaula, a travessia torna-se mais acessível e rápida.

“Fisicamente, estou mais forte do que antes, embora fosse mais rápida quando tinha vinte e tal anos. Hoje sinto-me forte, poderosa e com sabedoria para lidar com as horas de resistência”, disse Nyad numa entrevista recente ao “New York Times”, acrescentando estar “em forma”.

Os avanços na nutrição dos atletas e nos meios tecnológicos são considerados uma vantagem em relação ao 1978: A cada hora e meia, Nyad fará uma pausa no percurso por poucos minutos para ingerir uma mistura líquida de proteína pré-digerida e blocos de electrólitos em gel, e comer um pedaço de banana ou uma fatia de manteiga de amendoim.

A operação em alto mar envolve, antes e durante, vários actores. O médico desta atleta é um deles e diz estar preocupado com as temperaturas do corpo da atleta e da água, mas não só. Ao “New York Times”, Michael S. Broder, professor clínico associado da Universidade da Califórnia e médico de Diana, acrescenta outras apreensões: “Poderá ela manter-se desperta, concentrada e hidratada?”. Na sequência de variações na reacção do corpo de Nyad à água durante os treinos que precedem o desafio final, o clínico conclui: “Porque nunca ninguém fez alguma vez isto, não é clara a causa de todas estas coisas pelas quais ela tem passado”.

Outros actores integram o grupo responsável pelos preparativos do feito. Quatro especialistas estão incumbidos de estudar as condições climatéricas na preparação da maratona aquática, a partir das previsões meteorológicas até sete dias antes da partida.

Nos treinos, a nadadora que vai desafiar, aos 61 anos, um recorde seu, tem cantado mentalmente canções de Janis Joplin, Neil Young e Beatles, para quebrar a monotonia.

“Nadar é a última forma de privação sensorial. És deixada sozinha com os teus pensamentos de um modo muito severo", afirmou Diana, a poucas semanas do início desta mega maratona, para a qual está a pedir donativos através da Internet, dado que a estrutura desta operação irá custar cerca de 354 mil euros e a organização ainda não arrecadou esse valor.

No que diz respeito à idade com que se vai atirar, em Agosto, ao Oceano Atlântico, para nadar 60 horas quase sem paragens, relativiza: “A geração dos nossos pais, aos 60 anos, considerava-se ‘velha’. Eu estou a meio da meia-idade”.

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