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Polícias metem baixa em solidariedade com dois colegas condenados a prisão por agressões em esquadra de Lisboa

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Polícias que meteram baixa patrulhavam o Bairro Alto e o Cais do Sodré Rui Gaudencio

Na esquadra das Mercês, no Bairro Alto, 29 polícias, num total de 68, declararam-se doentes

Pelo menos 29 polícias da 3.ª esquadra da PSP, no Bairro Alto, em Lisboa, solicitaram ontem a presença em juntas médicas. A decisão foi tomada depois de, na terça-feira, o Tribunal Criminal de Lisboa ter condenado a penas efectivas de quatro anos de prisão dois polícias que terão agredido, em Julho de 2008, um jovem estudante alemão.

O número de polícias que meteu baixa corresponde a quase metade do efectivo da esquadra, que tem como principal função assegurar o patrulhamento nas zonas do Bairro Alto e Cais do Sodré, por onde passa grande parte da animação nocturna de Lisboa.

Ontem, pela 1h00, quando se iniciou o turno, apenas se apresentou ao serviço o comandante da esquadra. Todos os restantes polícias invocaram doenças. As respectivas consultas, asseguradas junto de médicos que trabalham com a PSP, decorreram durante todo o dia de ontem, desconhecendo-se ainda quais as decisões tomadas.

Para colmatar as ausências do efectivo na esquadra das Mercês e no posto de atendimento da Rua de São Paulo, acabaram por ser requisitados efectivos às três restantes esquadras da 1.ª Divisão, na Praça do Comércio, Santa Marta e Rato.

Em declarações ao PÚBLICO, o presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP), António Ramos, lamentou a posição extrema a que se chegou, mas lembrou que, defendendo a punição de quem prevarica, "também é necessário ter em conta que a pena aplicada foi muito dura quando comparada com outro tipo de sentenças relativas a casos porventura bem mais graves".

O sindicalista lembrou ainda que "todos os dias há três ou quatro polícias que são agredidos e não há memória de nenhum dos agressores ter sido condenado a uma pena efectiva de quatro anos de prisão".

Os dois agentes condenados, que vão apresentar recurso da decisão judicial, foram dados como culpados das agressões de que terá sido vítima um estudante alemão, então com 23 anos, que conduziram à esquadra depois de o terem surpreendido a viajar pendurado num eléctrico, na Rua de São Paulo. Uma vez na esquadra, o jovem terá sido espancado e totalmente despido para ser revistado.

As queixas contra o efectivo policial da esquadra das Mercês têm sido frequentes nos últimos anos. Para além do caso que conduziu a esta inédita condenação há, pelo menos, mais três processos a correr no DIAP de Lisboa. Em todos os casos, tal como o PÚBLICO noticiou ontem, há jovens que se queixam de ter sido interpelados na rua e, após terem sido conduzidos à esquadra para serem identificados, acabaram por, alegadamente, sofrer espancamentos.

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