Morreu o músico Jorge Lima Barreto

Foto
Jorge Lima Barreto (à esquerda) com Vítor Rua, numa fotografia de 2006 Miguel Madeira

O corpo de Jorge Lima Barreto estará em câmara ardente na Igreja de Santa Joana Princesa, em Lisboa, a partir das 17h de domingo. Daí seguirá, na 2ª feira, às 16h, para o crematório dos Olivais, em Lisboa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O corpo de Jorge Lima Barreto estará em câmara ardente na Igreja de Santa Joana Princesa, em Lisboa, a partir das 17h de domingo. Daí seguirá, na 2ª feira, às 16h, para o crematório dos Olivais, em Lisboa.

Ligado às músicas mais exploratórias, experimentais e improvisadas, a solo ou em formações como os Telectu e AnarBand, Jorge Lima Barreto, nascido em 1949, licenciou-se em História de Arte (1973) e doutorou-se em Musicologia e Teoria da Comunicação Social na Universidade Nova de Lisboa (1995), tendo desenvolvido em simultâneo à actividade de músico, produção como documentador e musicólogo, tendo editado quase uma vintena de títulos dedicados a diversas músicas, relacionando-as historicamente, como “Revolução jazz” (1972), “Jazz-Off” (1973), “Rock Trip” (1974), “Rock & Droga” (1982), “Música Minimal Repetitiva” (1990), “JazzArte” (1994), “Música e Mass Media” (1996), “Musa Lusa” (1997) ou “B-Boy” (1998).

Mas foi com os Telectu, o duo de música experimental formado em 1982 com Vítor Rua (vindo da formação original dos GNR), que viria a conhecer maior projecção, tendo a dupla actuado um pouco por todo o mundo. Vindo da tradição do jazz, Jorge Lima Barreto incorporou nos Telectu uma grande variedade de elementos musicais, que iam do jazz mais livre à electrónica, passando pelo minimalismo ou pela música concreta. Ao longo de trinta anos de carreira, editaram uma volumosa discografia de mais de vinte títulos – de estúdio ou registados ao vivo – tendo colaborado com inúmeros músicos de excepção, da música improvisada ou experimental, como Elliot Sharp, Chris Cutler, Sunny Murray, Jac Berrocal ou Carlos Zíngaro. Em simultâneo, compuseram também música para teatro, vídeo-arte ou performances multimédia.

Projecto singular durante muitos anos na paisagem musical portuguesa, os Telectu, pela sua natureza, sempre em conjugação com outras áreas artísticas, e pela forma como recorriam à ironia, criando situações surpreendentes, nem sempre se sentiram compreendidos no contexto português, onde as linguagens mais exploratórias são quase sempre relegadas para plano secundário.

Personalidade inquieta, Jorge Lima Barreto sempre orientou a sua actividade pela procura de novas soluções interpretativas e composicionais, ao mesmo tempo que procurou estar actualizado com os desenvolvimentos tecnológicos no campo da música.