Criada Academia que vai atribuir prémios anuais ao cinema português

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ICA prevê 21 estreias de longas-metragens de ficção portuguesas em 2011 Manuel Roberto/PÚBLICO

Pensada há vários anos, a Academia Portuguesa das Artes e Ciências Cinematográficas passou a existir formalmente, esta sexta-feira, com a assinatura da escritura para a sua constituição, por dez membros do núcleo fundador que passaram a assumir a direcção provisória.

Semelhante às que existem em Espanha ou nos Estados Unidos, com o mesmo nome, a Academia em Portugal pretende mostrar que há "uma produção viva do cinema português" e atribuir, já a partir de 2012, prémios por categorias como os Óscares, disse ao PÚBLICO Paulo Trancoso, produtor e um dos membros da direcção provisória.

A associação vai iniciar agora os contactos para recolher apoios de entidades e empresas ligadas à indústria do cinema, na qualidade de sócios beneméritos, que se juntam aos associados que contribuirão com quotas. Existem já 340 inscritos, sendo o objectivo o de alcançar os 500.

Da Câmara Municipal de Lisboa, a Academia espera poder contar com a cedência de um espaço para as instalações. Os três canais de televisão (RTP, SIC ou TVI) serão também sondados sobre o interesse em investirem e transmitirem a cerimónia de entrega dos prémios.

O objectivo é que essa cerimónia, a primeira, se realize já no próximo ano. "Seria bom começar", acrescentou Paulo Trancoso, depois de um ano que se prevê muito profícuo no cinema português. "Calcula-se que em 2011 haja 21 estreias de longas-metragens de ficção e sete estreias de longas-metragens de documentário", disse, citando dados fornecidos pelo Instituto do Cinema e Audiovisual.

Aurélio ou Sophia

O nome oficial do galardão só será conhecido depois da escolha por voto em 26 de Setembro, quando se realizarão as eleições para os membros da direcção definitiva e para o Conselho Consultivo Permanente, que juntará pelo menos oito colégios - para realização, produção, montagem, etc.

Será um dos dois favoritos de entre várias opções iniciais Aurélio, em homenagem a Aurélio Paz dos Reis (1862-1931), primeiro cineasta português, mas também um "nome que consegue ter notoriedade só por si", diz Paulo Trancoso; ou Sophia, numa evocação da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), mas também pela "sabedoria" que dá significado ao nome.

A ideia é evocar uma figura maior das artes portuguesas, da mesma forma que em Espanha existe o prémio Goya, atribuído anualmente pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas de Espanha, ou que em França são atribuídos os prémios César ou na Bélgica os prémios Magritte.

Mostrar os vários géneros

Os prémios Aurélio ou Sophia serão a parte mais visível de uma associação que quer "pugnar pela diversidade do cinema português" por ser "um cinema que se move em vários géneros", mas também trabalhar "em defesa dos seus profissionais e da sua dignificação". O problema, conclui Trancoso, é que muitas vezes se produzem filmes que depois quase não são vistos pelo público português por dificuldades na distribuição.

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