Moody’s corta rating de Portugal para lixo

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A agência mantém o rating português em vigilância negativa Enric Vives-Rubio

O “crescente risco” de que Portugal tenha de pedir um segundo empréstimo antes de regressar aos mercados e a crescente possibilidade de uma renegociação da dívida levaram a agência de rating Moody’s a descer a nota de Portugal para um nível considerado junk (lixo).

Em comunicado, a agência revela que decidiu reduzir o rating de Baa1 para Ba2, concluindo assim o processo de revisão iniciado a 5 de Abril. A perspectiva mantém-se negativa, o que indica que pode haver novas revisões em baixa do rating no curto prazo.

De acordo a agência, a revisão em baixa justifica-se com “o risco crescente de que Portugal precise de uma segunda ronda de financiamento antes de poder regressar ao mercado privado” e com “a crescente possibilidade de a participação do sector privado ser requerida como pré-condição”, à semelhança do que se está a tentar na Grécia.

De acordo com a agência, é cada vez mais provável que Portugal não seja capaz de ir buscar dinheiro aos mercados a taxas sustentáveis no segundo semestre de 2013 e até mesmo durante algum tempo depois. Isto obrigaria o país a ter de pedir mais dinheiro à UE e ao FMI, tal como aconteceu com a Grécia. E, pior ainda, esta nova ronda de ajuda poderá envolver a participação de investidores privados – ou seja, uma espécie de renegociação da dívida, sobretudo se este for, como parece ser, a solução a seguir no caso grego.

A isso junta-se ainda o receio de que Portugal não seja capaz de cumprir integralmente com as metas de redução do défice e da dívida, acordadas com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). É que, segundo a Moody’s, o país enfrenta “desafios enormes para reduzir a despesa, aumentar os níveis de cobrança de impostos, alcançar crescimento económico e apoiar o sistema bancário”.

Para a Moody’s, o Governo poderá ter dificuldade em ser bem sucedido nos seus planos de contenção de despesa, sobretudo em sectores como a saúde, empresas públicas e nas autarquias. A isso junta-se a dificuldade de aumentar a taxa de cobrança fiscal (e assim gerar mais receitas) dentro dos prazos previstos.

A agravar o cenário, “o crescimento económico poderá ser mais fraco do que o esperado, o que irá comprometer as metas de redução do défice” e há “uma possibilidade não negligenciável de que o sector bancário possa necessitar de ajuda para além daquela que está prevista no acordo com a UE e o FMI”.

Notícia actualizada às 19h34
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