Fitch considera incumprimento o envolvimento voluntário de privados no novo resgate grego
Se isso acontecer, a agência voltará a cortar a nota do país, que já está apenas em B+ desde há um mês, e com perspectiva negativa, para o nível de incumprimento, segundo o responsável da agência para as notas soberanas da região Ásia-Pacífico, Andrew Colquhoun, que falava hoje numa conferência em Singapura.
“A Fitch olharia para uma troca de dívida desse tipo, ou um rolamento voluntário da dívida, como um caso de incumprimento e isso levaria à atribuição de uma nota de incumprimento à Grécia”, disse Colquhoun, citado pela agência Reuters.
O BCE tem dito, pela voz do seu presidente, Jean-Claude Trichet, que aceitaria apenas um envolvimento voluntário e sem qualquer coacção dos credores privados num segundo pacote de resgate financeiro da Grécia, de modo a não criar um evento de crédito – que permite accionar os seguros para incumprimento, os credit default swaps – e a evitar um primeiro incumprimento soberano na zona euro.
A ideia do banco, e que foi nas usas principais linhas apoiada pela França e pela Comissão Europeia, acabou por se sobrepor à do Governo alemão, que fez depender um novo pacote de resgate de um envolvimento “significativo” dos credores privados, sem especificar se seria voluntário. Entretanto, após um encontro com o Presidente da França, a chanceler Angela Merkel veio dizer que pretendia o envolvimento dos privados a apenas a título voluntário.
A posição da Fitch sobre essa eventualidade vem no entanto baralhar a questão. As opiniões das agências de notação são apreciações subjectivas que ficam ao seu critério e não há notícia de critérios objectivos sobre o que é ou não um incumprimento. Assim, fica aberta a possibilidade de as principais agências (cujas opiniões sobre risco de crédito são requeridas pelo BCE para aceitar activos como colateral nos créditos que fornece à banca da zona euro) declararem um incumprimento mesmo sem um evento de crédito que accione os credit default swaps.
Reino Unido não quer participar em segundo resgate gregoO primeiro-ministro britânico, David Cameron, veio também hoje dizer que o seu país está “absolutamente determinado” a não contribuir para um novo resgate da Grécia, numa conferência organizada pelo jornal britânico Times.
“Não acredito que iremos [ajudar no resgate] e lutarei com firmeza para conseguir isso no Conselho Europeu desta semana”, disse, citado por aquele jornal.
David Cameron deu “graças a Deus” por o seu país estar fora da zona euro e afirmou, citado por aquele jornal: “Não estamos no euro, resolvemos não aderir ao euro e por isso não penso que devamos partilhar responsabilidade por isto”, justificou.
A contribuição dos países da União Europeia para os resgates de países da zona euro tem sido muito mais baixa que as dos que estão no euro, devido ao esquema que foi decidido no ano passado, quando se levantou o problema grego.
Além da participação do FMI, que entra com um terço das verbas, a maior parte do dinheiro provém dos parceiros da zona euro, havendo ainda uma pequena contribuição da Comissão Europeia, a qual já envolve dinheiro de todos. No entanto, devido à exposição da sua banca, o Reino Unido foi envolvido de modo mais significativo no resgate da Irlanda.