Cinzas de José Saramago já foram depositadas em Lisboa

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Pilar deposita as cinzas de Saramago na terra onde foi plantada uma oliveira Foto: Daniel Rocha

As cinzas de José Saramago foram depositadas, pouco depois das 11h30, junto a uma oliveira que veio da Azinhaga e a um banco de jardim feito de mármore no Campo das Cebolas, em frente à Casa dos Bicos, em Lisboa.

A Orquestra de Percussão Tocá Rufar deu início à cerimónia de homenagem ao escritor. O professor e cantor lírico Jorge Vaz de Carvalho leu depois Palavras para Uma Cidade, texto de Saramago que homenageia Lisboa, e a escritora Lídia Jorge falou depois.

Pilar del Río, mulher do escritor e presidente da Fundação José Saramago, cuja sede será na Casa dos Bicos, depositou, pelas 11h30, as cinzas debaixo das raízes da árvore, que veio do olival onde Saramago viu o lagarto verde com que termina As Pequenas Memórias.

A Violante, filha de José Saramago, coube a deposição da obra Palavras para José Saramago lançada ontem com textos que foram escritos sobre o escritor português nos dias da sua morte. A ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, deixou-lhe flores.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, colocou depois terra de Lanzarote junto à oliveira e ao banco de jardim feito de mármore de Pêro Pinheiro (Memorial do Convento), antes de finalizar a cerimónia.

Duas lápides

No local, foram colocadas duas lápides. Uma com o nome e as datas de nascimento e de óbito e uma outra com uma frase do livro Memorial do Convento: "Mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia."

Portugueses anónimos e turistas estrangeiros assistiram à cerimónia de homenagem. Jacinto Reis, desenhador, de Lisboa, colocou a sua câmara de vídeo com tripé perto da árvore. Gosta de gravar eventos culturais e como acha importante a cerimónia de deposição das cinzas veio assistir.

Natalie Batalha está perto dele com uma câmara fotográfica na mão. É americana, vive na Califórnia mas os seus familiares foram dos Açores no século XVII para os EUA. Fala português, casou com um brasileiro. Está em trabalho em Lisboa, é cientista, astrónoma, e só leu um livro de Saramago – Memorial do Convento que na versão em inglês se chama Balthasar and Blimunda. Leu no jornal que a cerimónia ia acontecer e quis estar presente. "Sei que José Saramago faz parte da cultura portuguesa. Está no coração das pessoas também por causa da sua ideologia. Tenho estado a seguir as manifestações de jovens que têm acontecido em Lisboa e apercebi-me de que muitas das frases que aparecem nos cartazes dos manifestantes são dele."

Estiveram também presentes o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, o editor do Nobel, Zeferino Coelho, o director da Biblioteca Nacional, Jorge Couto, entre outros amigos do escritor.

José Saramago morreu há um ano, às 11h30 do dia 18 de Junho de 2010, no seu quarto em Lanzarote, em Espanha.

Última actualização às 14h04
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