ONU acusa Sudão de ter provocado a morte de 1500 pessoas desde Janeiro

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Sudaneses num campo da ONU em Kadugli Paul Banks/UNMIS/Handout/Reuters

Os bombardeamentos provocaram um “grande sofrimento” para os civis da região de Kordofan, uma província no centro do país e, de acordo com a ONU, as forças da zona norte procuram atacar os grupos a favor da independência do sul que deverá ser proclamada oficialmente no dia 9 de Julho.

Ontem, os ataques aéreos incidiram sobre as montanhas Nuba – uma ofensiva que a All Africa Conference of Churches (AACC) classificou como uma “deliberada limpeza étnica”.

Os combates opõem as Forças Armadas Sudanesas ao Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA) - do Sudão Sul.

O norte nega ter civis como alvo e o porta-voz do Exército, Sawarmi Khaled, diz que os raides aéreos visam atingir rebeldes que lutam contra a região. Mas segundo o organismo internacional, mais de 1500 pessoas já morreram no sul do país desde o início do ano.

“O intenso bombardeamento sudanês que começou na semana passada ainda continua nos arredores das cidades de Kaduqli e Kauda”, declarou o porta-voz da ONU, Quider Zeruq, à imprensa em Jerum, citado pelo “El País”. “Na manhã de terça-feira dois aviões deixaram cair onze bombas contra alguns alvos, entre os quais um aeroporto”, acrescentou. A ONU precisou que dois dos explosivos atingiram as proximidades da sede da missão das Nações Unidas, a cerca de 150 metros do aeroporto de Kaduqli.

Zeruq sublinhou que a “campanha de ataques aéreos causou um grande sofrimento a civis e ameaça o envio de ajuda humanitária” e pediu a todos os grupos armados que permitissem a entrada imediata das organizações humanitárias e o fim dos ataques indiscriminados contra civis.

Na segunda-feira, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exprimiu num comunicado a sua preocupação pela escalada da violência no estado sudanês de Kordofan.

No final de Maio, o Exército do Norte do Sudão ocupou a cidade disputada de Abyei, levando milhares de pessoas a fugir. O Sul, que votou em Janeiro pela secessão, denunciou um “acto de guerra”. O ataque foi condenado por vários países, incluindo os Estados Unidos, que dizem ter acontecido “em violação directa” do acordo assinado em Janeiro entre as duas partes para “retirar todas as forças não autorizadas” da região.

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