Salman Rushdie descobriu "o melhor de dois mundos" nas séries televisivas

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Já sabíamos que Salman Rushdie estava a trabalhar numa série televisiva para a produtora americana Showtime, agora sabemos por que decidiu o romancista ser argumentista de TV. Numa entrevista ao britânico "Observer", a publicar no final do mês mas antecipada domingo passado, o autor de "O Chão Que Ela Pisa" cita séries como "Mad Men" ou "The Wire - A Escuta" para defender que a televisão ultrapassou o cinema e o romance como veículo privilegiado para contar histórias: "É como o melhor dos dois mundos. Podemos trabalhar em produções de estilo cinematográfico, mas ter verdadeiro controlo".

A série, que ainda não começou a ser rodada - está concluída uma primeira versão do argumento -, intitula-se "The Next People" e, ao longo da hora que demora cada episódio, oferecerá aos telespectadores aquilo que Rushdie define como "ficção científica paranóica". Em pano de fundo, a vertigem de mudança constante que atravessa o mundo contemporâneo. Intromete-se o sobrenatural na narrativa, aparecem elementos extraterrestres e problematiza-se a religião, a tecnologia ou a sexualidade - sempre pela mão de Rushdie, que assume o controlo total do argumento. "No cinema, o argumentista é apenas o empregado", referiu. "[Em televisão] temos controlo de uma forma que nunca seria possível em cinema. 'Os Sopranos' era David Chase, 'Os Homens do Presidente' era Aaron Sorkin", destacou, acrescentando: "Em 'Mad Men', Matthew Wiener escreve toda a série previamente à rodagem e, dessa forma, aquilo que se pode fazer com personagens e narrativa não é de todo diferente de um romance".

Para além de "The Next People", Rushdie prepara um livro de memórias focado no período em que pendia sob a sua cabeça a fatwa lançada pelo então líder político e religioso do Irão, Ayatollah Khomeini, na sequência da publicação de "Versículos Satânicos", em 1988. Para 2012, está prevista a estreia de "Winds of Change", adaptação ao cinema de "Os Filhos da Meia-Noite", romance de 1981 que transformou Rushdie num fenómeno literário. Será realizado pela indo canadiana Deepa Mehta.

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