Que desporto vem aí?

2. É natural a curiosidade sobre o desporto após as eleições. As atenções e anseios de alguns vão-se centrar na busca do membro do Governo e, em segunda linha, na sua "localização" na orgânica governamental. A imprensa adiantará nomes para o cargo e os lobbies do partido far-se-ão sentir a partir de agora. Quem não quer jantar com Cristiano Ronaldo e viajar para além da média, percorrendo o Mundo, “na afirmação internacional do desporto português”?

3. Aparte este aspecto, vejamos o programa eleitoral do PSD atendendo à sua importância no próximo Governo.Diga-se que nos projectos eleitorais apresentados pelos principais partidos, o desporto somente ganhava espaço nos textos do PS, PSD e CDU.

4. Que nos diz o PSD? Dois desafios de mudança.

Regista que o modelo prosseguido nos últimos anos foi marcadamente determinista e pouco cooperativo com outros parceiros envolvidos no sector. Refere ainda que o desporto deve ser entendido “como uma componente essencial do desenvolvimento integral dos cidadãos”, pretendendo criar condições “para estimular, não só o desporto escolar, mas também o desporto amador, e o de alto rendimento e ao mesmo tempo estimular a população portuguesa a ser mais activa na prática do exercício físico”.

5. Que objectivos a prosseguir? Incrementar a prática desportiva, quer em termos de número de praticantes como de frequência, contribuindo para uma população portuguesa mais saudável, melhorar a acessibilidade e aumentar em especial a participação desportiva por parte de franjas particulares da sociedade (portadores de deficiências, crianças e jovens, praticantes seniores, imigrantes), promovendo a sua inclusão, promover um modelo colaborativo e uma acção concertada entre os vários intervenientes da sociedade civil, movimentos associativos (clubes, associações e federações), agentes desportivos (praticantes, dirigentes, técnicos, juízes e árbitros) e entidades públicas (Administração Central, autarquias e escolas, entre outros), actuar de forma mais interventiva na construção de uma sociedade eticamente desportiva, erradicando a violência, vandalismo, dopagem, intolerância, racismo e xenofobia.

6. A seguir vêm os "Eixos de Acção para a Mudança". Entre outros, apostar num projecto de identificação e desenvolvimento de talentos no âmbito dos Programas de Preparação Olímpica e Paralímpica, ajustar os estatutos de acesso ao alto rendimento, compatibilizando-os com a formação escolar dos atletas, analisar a gestão de direitos desportivos, de propriedade intelectual e media para assegurar o financiamento independente das actividades desportivas, avaliar e redefinir os critérios de apoio públicos e projectar o Desporto Nacional internacionalmente e de forma concertada com o Turismo.

7. A pérola: promover o Mecenato Desportivo e abrangê-lo no âmbito do Estatuto do Mecenato. O Estatuto do Mecenato não existe vai para alguns anos, não se entendendo bem como se vai promover o desportivo no seu "âmbito".O que existe é um Estatuto dos Benefícios Fiscais que engloba um conjunto de “Benefícios fiscais relativos ao Mecenato – artigos 61.º a 66.º –, onde o desporto e as suas instituições se encontram presentes.

8. É por estas, e por muitas outras, que quem lê um programa eleitoral lê todos e, a partir de certo momento, é indiferente que ele esteja pintado de laranja ou cor-de-rosa. É melhor ficarmos pela novela do nome da personagem.

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