Assumir funções dos médicos é assunto que merece ainda muito debate, diz Ana Jorge

“É um processo que terá de ser muito discutido. Há muito trabalho em equipa e que tem de ser feito em transdisciplinaridade. Mas é todo um percurso a ser discutido e é precoce neste momento pronunciar-me sobre o assunto”, afirmou a ministra aos jornalistas à entrada do Congresso dos Enfermeiros, em Lisboa.

Os enfermeiros já tinham manifestado que querem que o próximo Governo coloque alguns destes profissionais a assumir funções dos médicos, alegando que as suas competências estão mal aproveitadas e que é uma forma de garantir mais cuidados com menos custos.

Entre essas funções estaria a prescrição de terapêutica a doentes crónicos que não necessite de reavaliação médica.

“É preciso lançar o debate. Propomos colocar à disposição dos cidadãos o conjunto das competências profissionais existentes, rentabilizando-as cada vez mais”, afirmou hoje a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Maria Augusta Sousa.

Para a responsável, “não faz sentido” ir a uma consulta médica apenas para fazer uma repetição de terapêuticas que já estão previamente prescritas e que não necessitam de alteração.

“Temos o caso de uma úlcera numa perna, que precisa de avaliação diária. É o enfermeiro quem avalia se o penso usado necessita ou não de alteração e toma essa decisão. Mas para que seja comparticipado para o utente é preciso ir buscar uma prescrição médica”, exemplifica a bastonária.

Maria Augusta Sousa garante que a Ordem apenas está a lançar a questão para debate e que em causa não está “andar de caneta na mão a prescrever receitas” de medicamentos.