Espancamento entre fuzileiros valeu castigo de cinco dias
O vídeo divulgado pelo Expresso mostra um jovem de 18 anos a ser agredido a murro, com um cinturão, com uma esfregona e com embalagens de comida. Está em cuecas e, durante mais de quatro minutos, tenta defender-se dos repetidos ataques dos alunos que consigo estavam a frequentar o curso que lhes haveria de dar acesso ao posto de segundo grumete do Corpo de Fuzileiros.
Num primeiro momento, ainda com as luzes apagadas, ouvem-se as vozes dos intervenientes que, tudo indica, arrancaram a vítima da cama. Depois, enquanto alguns o seguram, outros batem-lhe e quase lhe despem as cuecas, ao mesmo tempo que lhe lançam água para cima e o ameaçam e agridem com uma esfregona.
O PÚBLICO apurou que este incidente, cujas causas não foram reveladas, não é caso único na Escola de Fuzileiros e que até já se teria repetido noutras ocasiões e com os mesmos intervenientes. Todo o espancamento foi filmado por um outro aluno e, enquanto pelo menos cinco militares se revezam nas agressões, escutavam-se vozes de outros instruendos (presumivelmente deitados nos respectivos beliches) que pediam para que acabasse o barulho.
Depois de concluídos os processos de averiguações aos militares implicados nas agressões foram determinados castigos que a Marinha se recusa a divulgar, mas que não terão passado da proibição de abandonar as instalações militares durante um período máximo de cinco dias. Esta punição terá apenas abrangido alguns dos intervenientes.
O PÚBLICO, em contacto com fontes de Vale de Zebro que pediram anonimato, sabe que os castigos decretados não implicaram a expulsão, mas que esta punição, tendo em conta acontecimentos do género identificados noutros ramos da Forças Armadas, chegou a ser ponderada.
A detenção numa cela era um dos castigos que podia ser aplicado aos militares, uma vez que os mesmos, por já terem jurado bandeira, já se encontravam debaixo da alçada do Regulamento Disciplinar.
Quanto à vítima, que nunca tomou a iniciativa de denunciar as agressões e injúrias de que foi alvo, mantém-se actualmente no activo.
Notícia substituída às 18h56