Paramiloidose: Disponibilização do Tafamidis não está dependente do Governo, diz secretário de Estado

A disponibilização do Tafamidis, um medicamento que evita o transplante hepático a doentes com paramiloidose, “não está dependente do Governo”, assegurou hoje à Lusa o secretário de Estado Adjunto e da Saúde.

Manuel Pizarro explicou que essa decisão está nas mãos da Agência Europeia de Avaliação de Medicamentos (EMEA), que terá que “certificar o Tafamidis como sendo um produto eficaz e seguro no tratamento da doença”.

O fármaco só poderá ser disponibilizado “após essa certificação”, confirmou o governante.

Em relação ao facto de já estar a ser ministrado em outros países da União Europeia, Manuel Pizarro esclareceu que “em Itália o medicamento não está acessível, ao contrário do que tem sido veiculado”.

Já em França, o secretário de Estado garantiu à Lusa que essa utilização está a ser feita apenas “num contexto experimental”.

Só que a “realidade portuguesa não se compadece com essa possibilidade”, porque “há mais doentes em Portugal do que em todos os países da União Europeia juntos”, razão pela qual é necessário haver uma “garantia absoluta da eficácia e segurança” do fármaco, explicou o governante.

Manuel Pizarro disse ainda “compreender a ansiedade das pessoas que sofrem com esta doença dramática, mas que se tem de aguardar pela certificação num plano internacional”.

Se a EMEA emitir um parecer positivo, “e caso o PS seja Governo, vamos, de imediato, fazer com que o medicamento fique disponível no Serviço Nacional de Saúde”, garantiu.

Manuel Pizarro disse que, como governante e como médico, “a melhor notícia que poderia receber era que as entidades competentes haviam garantido a eficácia do produto”.

O facto de ser caro seria “um aspecto secundário, tendo em conta que se está a falar de uma nova esperança de vida”, concluiu.

Caso seja certificado, o Tafamidis, de toma diária, será 100 por cento comparticipado, custando ao Estado cerca de 120 mil euros/doente por ano.

O processo que envolve o transplante de fígado fica em cerca de 400 mil euros.

A paramiloidose, cuja designação mais rigorosa é Polineuropatia Amiloidótica Familiar ou PAF, é uma doença neurológica, rara e sem cura e ocorre quando o fígado produz uma substância fibrilar altamente insolúvel designada por amiloide, que se deposita nos tecidos.

Mais conhecida como doença dos pezinhos, manifesta-se entre os 25 e 35 anos e é transmitida por via genética, tendo como principais sintomas a grande perda de peso, de sensibilidade e de estímulos.

Afecta, sobretudo, os membros inferiores, alastrando-se, depois, para os superiores, causando perturbações a nível dos sistemas digestivo e nervoso e ainda problemas cardíacos.

A Associação Portuguesa de Paramilodoise calcula que existam, em Portugal, cerca de duas mil pessoas com esta doença, mas há mais seis mil casos assintomáticos, ou seja, têm o gene mutante, mas não têm manifestações clínicas da patologia.

Em cada ano, surgem 100 novos doentes em Portugal.

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