Morte de rapariga em "slide" leva ministério a suspender actividades do Dia da Defesa

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Exército tenta atrair jovens através de "actividades radicais" João Guilherme

O Ministério da Defesa determinou a suspensão das actividades do Dia da Defesa Nacional até à conclusão do inquérito à morte de uma rapariga ocorrida ontem no Regimento da Serra do Pilar, em Gaia.

Ana Rita, de 18 anos, caiu quando fazia slide de uma altura de quatro a cinco metros. Segundo o porta-voz do Exército, o tenente-coronel Hélder Perdigão, a rapariga ainda foi assistida no local pelo INEM antes de ser encaminhada para o Hospital de Santo António, no Porto, em "estado muito grave e com prognóstico reservado". Mas morreu pouco tempo depois.

"O Exército confirma o falecimento da cidadã Ana Rita dos Santos Silva Lucas que se encontrava a cumprir as obrigações decorrentes da lei, relativa à participação nas actividades decorrentes do Dia da Defesa Nacional, no Regimento de Artilharia n.º 5, em Vila Nova de Gaia", informou o Exército em comunicado. "Ela estava a fazer slide e o cabo partiu-se", disse o tenente-coronel Perdigão. O porta-voz do Exército português garante que "nunca" nenhum acidente do género tinha acontecido. O regimento da Serra do Pilar abriu um inquérito para apuramento das causas deste acidente.

A rapariga encontrava-se no quartel para cumprir a imposição legal aos jovens para que compareçam numa unidade militar no Dia da Defesa Nacional, no ano em que completam 18 anos de idade. O objectivo do Dia da Defesa é, segundo o tenente-coronel Perdigão, o "contacto com as actividades militares". Os desportos radicais, afirma, são "as actividades com mais apetência para os jovens". Os jovens são informados sobre o que fazem as forças armadas e têm também a possibilidade de desenvolver algumas actividades e usar uma torre do regimento para fazer escalada, rappel, slide e outras actividades similares. A presença obrigatória num quartel durante o Dia da Defesa Nacional foi instituída depois de o serviço militar passar de obrigatório a voluntário. Desde o ano passado, as raparigas são também obrigadas a comparecer.

Na rede social Facebook foi criado um grupo intitulado Contra a obrigação de ir ao Dia da Defesa Nacional. Aí há quem pergunte se é "constitucional" a obrigação de presença num sítio contra a sua vontade e outros ficam estupefactos com o valor da coima aplicada em caso de falta não justificada, que pode ficar entre 249 e 1257 euros. O BE apresentou um projecto que pretendia acabar com a obrigatoriedade de os jovens participarem no Dia da Defesa Nacional instituído por Paulo Portas em 2004. Mas o projecto acabaria por ser chumbado pelo PCP, PS, PSD e CDS.

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