Domingos: “As pessoas gostam de ver os pequeninos bater nos grandes”

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Domingos Paciência está determinado Reuters

“Todos temos o direito de sonhar. O sonho está a querer concretizar-se”, disse nesta terça-feira o treinador do Sporting de Braga, na conferência de imprensa de antevisão da final da Liga Europa. Os minhotos defrontam amanhã (19h45, SIC) o FC Porto em Dublin e Domingos Paciência acredita que é possível vencer. “Amanhã é um jogo em que tudo pode acontecer. Temos de ser muito muito fortes para estar no patamar em que está o FC Porto. Os jogadores podem-se exceder, superar e equilibrar a balança. Acredito que numa final isso é possível acontecer”, apontou.

“Sabemos quais são os pontos fortes do FC Porto. Tem um meio-campo com grande mobilidade, que procura fazer com que o jogo chegue rapidamente ao Hulk, Varela ou Falcao. Temos de abordar o jogo de forma diferente, não podemos jogar da mesma forma que jogámos para o campeonato. É uma final, é um jogo só. Temos de procurar explorar aquilo em que somos fortes e anular aquilo em que o FC Porto é forte”, prosseguiu Domingos Paciência.

Pela caminhada que fez até à final de Dublin, o Sporting de Braga “acaba por ser um ‘outsider’”, considerou o técnico. “Ninguém esperava que isto acontecesse. Acredito que nesta altura possamos ter muitos adeptos, quer benfiquistas, quer sportinguistas, quer de outras equipas também. As pessoas também gostam de ver os pequeninos a bater nos grandes”, realçou. “O Sporting de Braga passa a ser um clube diferente a partir de agora. Mostrou-se ao mundo”, acrescentou.

Lembrando a final de 1987, em que o FC Porto bateu o Bayern de Munique na final da Taça dos Campeões Europeus, Domingos salientou que “o favoritismo é sempre relativo”. “Em 1987 o favoritismo era do Bayern e o FC Porto acabou por ganhar”, apontou o técnico. O seu passado de jogador, ligado aos “dragões”, não interferirá com a partida de amanhã: “A ironia do destino fez com que o FC Porto me aparecesse na final da Liga Europa, para bem da minha carreira. As pessoas que gostam de mim gostariam que eu ganhasse, por muito portistas que sejam. Estou ao serviço do Sporting de Braga, com jogadores fantásticos e uma capacidade de trabalho impressionante. Penso sempre como profissional e defendo os interesses do clube que represento”.

Sem falar no futuro – Domingos já admitiu que sairá do Sporting de Braga e é apontado como próximo treinador do Sporting – o técnico da formação minhota confessou que está “focado na taça”. “Sei que vai custar muito suor e sacrifício, mas estamos focados para que aconteça amanhã. Há uns dias que não durmo muito bem. Penso como é possível isto estar a acontecer connosco e isso leva a que durma menos”, admitiu.

“Aconteça o que acontecer daqui para a frente, acho que ficarei no coração dos adeptos deste clube. As dificuldades foram muitas”, afirmou Domingos Paciência, acrescentando: “Tenho cinco anos como treinador e sinto que a carreira tem sido sempre para cima e nunca para trás. Para mim isto é uma experiência única. Isso de certa forma ajuda-me para o futuro. Espero que o futuro seja cada vez melhor, espero repetir uma situação destas, uma final. São os momentos que fazem um treinador”.

Admitindo um “grande orgulho” pela presença de duas equipas portuguesas na final da Liga Europa, o treinador do Sporting de Braga destacou que “o FC Porto está mais habituado a estas andanças, já se impôs no futebol internacional”. “O Sporting de Braga está a aparecer na Europa. O povo português tem de se sentir orgulhoso. O futebol português cada vez é melhor, tem melhores equipas”, apontou.

Houve ainda tempo para recordar um episódio que envolve André Villas-Boas o Domingos Paciência. Quando era jovem, o actual treinador do FC Porto escreveu um bilhete ao então técnico dos “dragões”, Bobby Robson, a aconselhar que colocasse Domingos em campo. “Ele podia por um envelope na minha caixa de correio para a gente ganhar amanhã”, disse com um sorriso. “Foi uma grande luta para poder jogar naquela equipa, mas consegui dar a volta e ser opção para o Bobby Robson. Fiquei contente por saber que ele [Villas-Boas] gostava da minha forma de jogar. Sinto-me bem com esse reconhecimento, com essa atitude que ele teve. Reconheço que me deixa satisfeito”, concluiu.

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