Número 2 do FMI assume direcção após escândalo sexual com Strauss-Khan

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O presidente do FMI terá atacado sexualmente uma empregada de hotel Tobias Schwarz/Reuters

John Lipsky assume interinamente a direcção-geral do Fundo Monetário Internacional. O socialista francês Dominique Strauss-Kahn foi detido sábado à noite em Nova Iorque, acusado de agressão sexual a uma empregada de um hotel. A mulher do director-geral do FMI, Anne Sinclair, afirmou num comunicado que não acredita nas acusações contra o marido.

John Lipsky irá reunir-se com a cúpula do FMI em Washington, ainda neste domingo. Deverá ser discutido se alguém irá substituir Dominique Strauss-Khan na reunião programada com a chanceler alemã Angela Merkel.

Dominique Strauss-Kahn será ouvido por um juiz que decidirá se ele ficará detido ou sairá em liberdade mediante o pagamento de uma fiança, o que é o mais provável que aconteça, segundo as agências internacionais. A pena máxima para agressão sexual nos Estados Unidos é de 20 anos de prisão. O facto de Strauss-Kahn ser director-geral do FMI não lhe dá imunidade diplomática.

Segundo um porta-voz da polícia nova-iorquina, Strauss-Kahn, até agora um provável candidato à presidência de França pelo Partido Socialista, foi detido no Aeroporto Internacional John F. Kennedy dez minutos antes de embarcar num voo para Paris e está acusado de "actos sexuais criminosos, incluindo tentativa de violação e sequestro".

O New York Times adianta que os incidentes aconteceram neste sábado à tarde, num hotel em Times Square. Segundo diferentes relatos, Strauss-Kahn, de 62 anos, apareceu na casa de banho sem roupa e agarrou a empregada, lançando-a sobre a cama e forçando-a à prática de sexo oral.

Ainda segundo o jornal, ele arrastou a empregada de 32 anos para a casa de banho.

A empregada conseguiu libertar-se e fugiu do quarto, enquanto o economista francês, que é casado com a popular apresentadora de televisão francesa Anne Sinclair, se vestia e dirigia rapidamente para o aeroporto, onde acabaria por ser retirado do avião poucos minutos antes da partida.

O advogado que o representa neste caso já anunciou que o economista "declara-se inocente" de todas as acusações de que é alvo.

Ao entrar no quarto do hotel depois da denúncia, os polícias encontraram o telemóvel do director-geral do FMI e sinais de que ele teria saído apressadamente. Uma fonte policial disse ao New York Times que a investigação descobriu provas que contêm ADN.

Dominique Strauss-Kahn ocupou diversos cargos de governação em França e apareceu nalgumas sondagens como o socialista mais bem posicionado para vencer o actual Presidente francês, Nicolas Sarkozy, nas próximas eleições, o que tem feito dele um provável candidato à presidência francesa pelo Partido Socialista.

Esta não é, no entanto, a primeira controvérsia em que se vê envolvido. Em Outubro de 2008 foi obrigado a pedir publicamente desculpa por ter mantido uma relação com uma economista do FM que era sua subordinada. Um inquérito interno ilibou-o das suspeitas de assédio sexual e abuso de poder, apesar de ter sido repreendido por conduta imprópria pelo conselho superior do FMI.

O FMI marcou uma reunião de emergência para discutir a situação para este domingo em Washington.

Choque em França

A notícia está a provocar grande comoção em França, onde a detenção terá fortes repercussões políticas quando falta menos de um ano para as presidenciais. A secretária-geral do PS francês, Martine Aubry, emitiu esta manhã um comunicado a afirmar que a detenção atingiu "como um raio" a política nacional e pediu ao partido para se manter "unido". Apesar de se declarar "estupefacta" com a acusação, Aubry lembra que DSK, como é conhecido em França, tem direito à presunção de inocência.

Já antes, a socialista Segolene Royal, que já anunciou a intenção de se voltar a candidatar à presidência, garantiu que "não vai aproveitar o que aconteceu em benefício próprio", sublinhando que Strauss-Kahn e a sua família devem ser respeitados.

Mas Marine Le Pen, líder da Frente Nacional e possível candidata do partido de extrema-direita às eleições, deixou claro que a corrida para as presidenciais se alterou irremediavelmente. "Este caso e estas acusações marcam o fim da pré-campanha de Strauss-Kahn e vão certamente levar o FMI a exigir a sua demissão", afirmou.

A UMP, o partido do Presidente Nicolas Sarkozy, mostrou-se mais contido. O ministro do Comércio, Pier Lellouche, afirmou que DSK "tem o direito à presunção de inocência", mas considerou que, a confirmar-se a veracidade das alegações, "será desastroso". Já o deputado da UMP, Renaud Muselier, referiu-se ao caso como "um desastre para a imagem da França" que irá "mudar completamente o jogo das presidenciais".

Notícia actualizada às 22h30
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