Torne-se perito

Homens da Luta não convenceram a Europa

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Homens da Luta não entraram na lista dos 10 escolhidos para a final WOLFGANG RATTAY/REUTERS

Canção A luta é alegria não conseguiu votação suficiente para entrar na lista dos dez países que foram escolhidos na primeira meia-final de Dusseldorf, na Alemanha

O sonho europeu dos Homens da Luta terminou ontem à noite na Arena de Dusseldorf, com a exclusão da final do Festival Eurovisão da Canção. O grupo português que levou à cidade alemã a aguerrida e algo polémica canção A luta é alegria não conseguiu os votos necessários para entrar na lista dos dez escolhidos (entre 19 países concorrentes) para a final do próximo sábado. Foram os seguintes os países apurados (sem ordenação por pontos conquistados): Sérvia, Lituânia, Grécia, Azerbaijão, Geórgia, Suíça, Hungria, Finlândia, Rússia e Islândia.

Amanhã serão conhecidos os dez outros finalistas, que se acrescentarão também aos Cinco Grandes que têm lugar cativo na final (ver caixa). O programa de ontem teve, segundo os números da RTP, 70 mil espectadores na plateia de Dusseldorf e 120 milhões em todo o mundo.

A actuação dos Homens da Luta repetiu o figurino da sua participação no concurso da RTP, em Março, em Lisboa, quando a vitória de A luta é alegria, na sequência de uma escolha em que prevaleceu o voto popular, motivou alguma polémica, que começou mesmo no Teatro Camões, com alguns dos espectadores a abandonarem a sala após o anúncio dos vencedores. Ladeados pelo quarteto com visual à anos pós-25 de Abril de 1974 - o militar, o operário, a camponesa e a revolucionária -, os irmãos Nuno e Vasco Duarte, mais conhecidos como Jel e Falâncio, passaram a sua mensagem de que "de noite ou de dia, a luta é alegria" num cenário sobre fundo vermelho e verde, que tanto representava as cores da bandeira portuguesa como da Revolução dos Cravos.

Apesar do resultado negativo de ontem à noite, os Homens da Luta conseguiram levar a Dusseldorf a mesma agitação com que costumam apresentar-se nas ruas e nos ecrãs portugueses. Desde que chegaram à cidade alemã, na semana passada, para participar no Festival da Eurovisão, o grupo de Jel e Falâncio, com o megafone, a guitarra, o tambor e a bandeira portuguesa sempre em riste, não deixou nunca de aproveitar o potencial mediático que a Eurovisão lhe proporcionava. Fizeram acções de rua e conferências de imprensa em que entoaram canções revolucionárias como Grândola Vila Morena, E depois do adeus, ofereceram pão e vinho, e prometeram "bar aberto para todos os concorrentes" se ganhassem a final. Foram acumulando mais de 300 mil mensagens no Facebook, com várias referências à situação política nacional. E, em sucessivas intervenções na antena da RTP, repetiram à sociedade a sua mensagem - A luta é alegria.

Acabaram por atrair a atenção de media como os jornais El Mundo e The Guardian, que em artigos no último fim-de-semana apresentaram os Homens da Luta como "um fenómeno social" em Portugal e uma espécie de "ícone da geração precária", referindo-se à sua participação na muito concorrida manifestação de 12 de Março último, em Lisboa.

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