X-Wife

Se "Are You Ready For The Blackout?" era (quase) todo ele guitarras, "Infectious Affectional" é (quase) todo ele ritmo. É certo que a guitarra está lá, mas é evidente que os X-Wife estão interessados em trazer os sintetizadores e o baixo para o primeiro plano. Ainda bem que assim é: no processo, ganhou-se uma banda menos histriónica (João Vieira canta, mais do que grita) e com mais subtilezas, mesmo que o quadro pintado continue a revelar um trio fixado no pós-punk mais frenético dos anos 1980 e nas revisões do mesmo operadas no novo milénio (The Rapture, LCD Soundsystem, !!!). "Keep on Dancing", por exemplo, revela os X-Wife na sua fórmula clássica - as guitarras punk-funk, tão austeras quanto dançáveis (lições dos Gang of Four), João Vieira numa das raras aproximações do disco ao estilo mais berrado dos primeiros discos -, ao mesmo tempo que dá maior protagonismo aos sintetizadores.

É quando revelam as novas influências "disco" que "Infectious Affectional" é mais entusiasmante. Em "White Shoes" pousam a guitarra e eis-nos de sapatos brancos estupidamente "cool" a dançar, embalados pelos sintetizadores disco proeminentes e pelo baixo repetitivo (Vieira ora debita palavras, ora arrisca cantar em tom grave) - talvez seja a melhor canção da carreira dos X-Wife. "I Live Abroad" mostra Vieira em registo contador de histórias, a lembrar "Losing my edge" dos LCD Soundsystem. Sem surpreender totalmente e sem que o trio se transcenda (a excepção é mesmo "White Shoes"), "Infectious Affectional" é, ainda assim, o disco mais completo e diversificado dos X-Wife.

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