Empate qualifica Barcelona para a final e alimenta queixas do Real de Mourinho

Melhores oportunidades do Barça
Real fala de golo mal anulado
Ronaldo revoltado

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Os jogadores do Barça festejam um apuramento contestado pelo Real Madrid Reuters

O Barcelona é provavelmente a melhor equipa do mundo, mas o Real Madrid tem argumentos futebolísticos para incomodar os catalães. Esta é uma das conclusões que se podem tirar do empate de ontem (1-1) em Camp Nou, que deu aos catalães um previsível apuramento para a final da Liga dos Campeões, mas mostrou um Real Madrid que soube cair com honra.

Castigado pela UEFA, José Mourinho assistiu pela televisão, no hotel da equipa, a um jogo que permite alimentar as narrativas defendidas nos últimos tempos pelos dois grandes clubes espanhóis.

Os adeptos catalães hão-de ver no encontro de ontem mais uma prova da superioridade futebolística do Barcelona, ancorados em três ou quatro ideias. As melhores oportunidades pertenceram à formação de Guardiola, que terminou o encontro com muito mais remates (11 contra 3) e mais posse de bola (64 por centro contra 36). No jogo das polémicas de arbitragem, os catalães deitarão também mão à dureza do adversário (31 faltas cometidas) e podem acenar com a condescendência do árbitro, que evitou a todo o custo expulsar Ricardo Carvalho e Lass Diarra, permitindo assim que o Real Madrid completasse finalmente com 11 jogadores um dos encontros deste ciclo contra o Barça.

Perspectiva bem diferente terão os adeptos do Real Madrid. Esses dirão que 11 contra 11 o "Barça" não ganhou ao Real, lembrarão que o árbitro belga Frank de Bleeckere anulou um golo (legal) a Higuaín e sublinharão, como ontem fez Casillas, que o empate em Camp Nou poderia ter significado o apuramento para a final.

"Lembro-me do jogo da primeira mão. Se tivesse acabado 0-0 [resultado antes da expulsão de Pepe], estaríamos na final. 11 contra 11, o Real não teve complexos", disse Casillas. "Isto era a Missão Impossível 4. O golo do Higuaín era legal", acrescentou Ronaldo.

O jogo de Camp Nou foi interessante e teve várias nuances. Mourinho recuperou a táctica habitual (4-2-3-1), lançou Kaká e Higuaín como titulares e o Real Madrid foi capaz de pressionar o Barcelona, obrigando-o a coisas pouco habituais, como perdas de bola na defesa ou pontapés para o ar. Mesmo assim, só no início da segunda parte os "merengues" criaram verdadeiras oportunidades, altura em que Higuaín colocou a bola na baliza de Valdés (47"). O árbitro, porém, anulou o lance, porque numa queda, após aparente falta de Piqué (que o juiz ignorou), Ronaldo tocou em Mascherano.

Estava 0-0 e este lance poderia ter relançado a eliminatória. Mas não só não relançou, como dez minutos depois o Barcelona sentenciou a eliminatória: Pedro Rodríguez marcou, aproveitando um passe de Iniesta. O "Barça" conseguia finalmente bater Casillas, depois de o guarda-redes do Real ter feito duas grandes defesas no final da primeira parte, a remates de Villa e Messi.

Já com Özil e Adebayor em campo, o Real chegaria ao empate, com um golo de Marcelo, após Di María ter atirado ao poste (64").

O golo de nada valeu na prática, mas serviu para reanimar psicologicamente um Real que somou uma derrota, uma vitória e dois empates neste ciclo de quatro jogos com o Barça, apesar de só ter ficado com a Taça do Rei e de os catalães se poderem gabar de ter o campeonato na mão e de estarem na final da Liga dos Campeões.

E a nova polémica permite a Mourinho e aos seus contraporem ao futebol do "Barça" a polémica com a arbitragem. "Na próxima temporada, é melhor que dêem logo a taça ao "Barça"", vociferou ontem Ronaldo, que desta vez seguiu o guião de Mourinho, optando por criticar o árbitro e não a táctica do técnico. Cristiano tentou até amenizar o choque com o treinador, depois de na primeira mão ter contestado a táctica defensiva, qualificando o caso como "uma tempestade num copo de água".

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