Prisão perpétua para o último ditador da Argentina

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Manifestantes em frente ao tribunal seguram fotografias de desaparecidos Marcos Brindicci/Reuters

O último ditador da Argentina, Reynaldo Bignone, foi condenado a prisão perpétua por violação dos direitos humanos, pelo tribunal federal de San Martin, em Buenos Aires.

Bignone, de 83 anos, é acusado de tortura e do assassinato de opositores políticos há mais de três décadas. Além dele, quatro outros antigos militares foram condenados: Santiago Omar Riveros, Martín Rodríguez, Luis Patti e Juan Fernando Meneghini.

Horas antes da sentença, de acordo com a agência EFE, Reynaldo Bignone dizia que a justiça civil não era “competente” para o julgar, já que o seu caso deveria estar nas mãos de um tribunal militar.

O ex-general tinha já sido condenado a 25 anos de prisão no ano passado, por “privação ilegal da liberdade e tortura sobre prisioneiros políticos”, crimes que cometeu durante a ditadura militar de 1976 a 1983, enquanto era o vice-chefe da base militar Campo de Mayo, o maior centro de tortura do país.

Na altura, o tribunal provou que Bignone, que foi Presidente entre 1982 e 1983, esteve directamente envolvido em 56 homicídios durante aquele período e no rapto de 500 bebés.

Este julgamento é o último de uma série relacionada com a ditadura militar argentina durante a qual 30 mil pessoas, entre os opositores ao regime, foram mortas ou desapareceram.

O veredicto foi recebido com aplausos de representantes de organizações dos direitos humanos que se reuniram à frente do tribunal. “Hoje é um dia histórico para todos os argentinos de bem”, disse Estela de Carlotto, presidente da organização “Mães das Praça de Maio” – o grupo de mulheres argentinas que viram os seus filhos desaparecer durante a ditadura militar, durante a qual muitos filhos foram retirados aos pais considerados “subversivos” e entregues a famílias de adopção.

“Estes repressores são perigosos, não importa a sua idade. Nunca se arrependem do que fizeram", acrescentou a presidente da organização.

Foram abertas centenas de investigações ligadas à violação de direitos humanos durante a ditadura militar, desde 2005, ano em que foram anuladas, pelo ex-presidente Nestor Kirschner, as leis da amnistia.

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