Parlamento finlandês pode inviabilizar empréstimo do país a Portugal

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Lehtikuva/Pekka Sakki/ Reuters (arquivo)

O Parlamento finlandês que sair das eleições de domingo poderá inviabilizar participação do país no pacote de ajuda financeira que está a ser preparado para Portugal pela UE e pelo FMI.

A base de apoio dos partidos eurocépticos, que se opõem a um resgate financeiro de Portugal, tem aumentado no país, segundo sondagens recentes, a ponto de poderem gerar um novo equilíbrio parlamentar sobre esta questão.

As sondagens mais recentes dão 48 por cento aos que se opõem à ajuda a Portugal, bem como ao aumento do montante de capital do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), face a 52 por cento dos que são a favor, disse à agência Martti Salmi, um conselheiro do ministro das Finanças finlandês.

Salmi disse também que os sociais-democratas, na oposição e que até agora têm sido pró-UE e estão com cerca de 18 por cento das intenções de voto, tem dito que, em vez de arranjar empréstimos, Portugal deveria reestruturar a sua dívida, envolvendo os investidores privados.

A Finlândia é o único país do euro em que os empréstimos que concede no âmbito do FEEF têm de ser aprovados no Parlamento. Este fundo é que participa com a maior parcela (440 mil milhões de euros) do sistema de ajuda decidido na Primavera do ano passado para resgatar países da zona euro, e funciona através de empréstimos bilaterais entre os Estados da zona euro. Nos restantes países, esses empréstimos são aprovados pelos governos.

O principal problema de uma recusa do Parlamento da Finlândia ao empréstimo a Portugal nem será a quantia – 1400 milhões de euros, que eventualmente poderão ser redistribuídos pelos outros Estados – mas sim dificuldades políticas acrescidas nos outros países para convenceram as suas opiniões públicas a emprestar a Portugal.

Além disso, Salmi adverte, também à Reuters, que como os regastes obrigam a unanimidade, se a Finlândia decidir não apoiar Portugal, o Fundo Europeu de Estabilização Financeira teria de ser modificado para se avançar com o resgate, o que poderia colocar problemas noutros Parlamentos da zona euro.

Além do FEEF, o mecanismo europeu provisório em vigor até 2013 para resgate a países em dificuldades da zona euro envolve também a Comissão Europeia (com fundo de 60 mil milhões de euros) e o FMI, com 250 mil milhões. A partir de 2013 será substituído por um mecanismo permanente, o Mecanismo Europeu de Estabilidade, cujas regras ainda não estão definidas.

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