Obama propõe cortes no défice alternativos aos dos republicanos
Numa declaração ao país, Obama disse que quer diminuir o défice em quatro biliões (milhões de milhões) de dólares nos próximos 12 anos, até 2023. Esse é um objectivo realista e que pode ser cumprido, garantiu o Presidente, sem "pôr em causa a recuperação da economia, criando postos de trabalho e protegendo os investimentos necessários para o futuro".
Parte da intervenção de ontem foi pensada como resposta à versão de Orçamento para 2012 apresentada há uma semana pela maioria republicana na Câmara de Representantes: um ambicioso documento que reclama cortes draconianos de 6,2 biliões de dólares na despesa, prevê maiores benefícios fiscais para a parcela mais rica da população e prevê a privatização dos programas Medicaid e Medicare.
A proposta dos republicanos não tem a mínima hipótese de ser aprovada (no Senado, os democratas ainda são a maioria e Obama tem o poder de veto). Mas ao anteciparem-se aos seus adversários do Congresso e à Casa Branca, os conservadores definiram os termos e as ideias em que querem centrar a discussão.
Obama não se desviou dessa agenda, e até concedeu que os republicanos têm razão em insistir na redução do défice. "Temos de viver dentro das nossas possibilidades, temos de reduzir o nosso endividamento", sublinhou. Mas depois tratou de demonstrar como as "ideias radicais" dos republicanos não servem o país - não podem sequer ser aplicadas com justiça, argumentou. "Para dar a pessoas como eu um benefício fiscal de 200 mil dólares, eles vão obrigar 33 reformados a gastar mais seis mil dólares cada um em despesas de saúde", exemplificou.
"Não podemos considerar sério um plano de redução de défice que prevê um bilião de dólares em benefícios fiscais para milionários e bilionários", criticou. "Todos temos de fazer sacrifícios, sem sacrificar o futuro da América", disse.