Ryanair quer cobrar taxa proibida pela Comissão Europeia
A Ryanair anunciou hoje que vai introduzir uma taxa de dois euros por bilhete para suportar as despesas com cancelamentos de voos, provocados por situações como greves ou catástrofes naturais.
Num comunicado enviado às redacções, a companhia de aviação de baixo custo, que tem duas bases aéreas em Portugal (Porto e Faro) afirma que é “injusto e discriminatório” que as transportadoras aéreas sejam “obrigadas a providenciar refeições e acomodações a passageiros (...) porque os governos fecham o seu espaço aéreo ou os controladores saem dos seus postos de trabalho ou por incompetência de aeroportos que não limpam a neve da pista”.
A taxa vai começar a ser aplicada a partir de 4 de Abril, depois de a empresa ter sofrido prejuízos superiores a 100 milhões de euros com cancelamentos, despesas legais e compensações a passageiros.
No comunicado, a low cost irlandesa explica que a taxa de dois euros “irá ajudar a suportar estes custos, que não são recuperáveis através dos governos, controladores aéreos ou aeroportos e que, portanto, vão cair, na sua totalidade, sobre as companhias aéreas”.
Esta decisão contraria as regras comunitárias, que obrigam todas as companhias de aviação a responder directamente por estas despesas, sem penalizar os passageiros. De acordo com as normas definidas pela Comissão Europeia, as transportadoras têm de assegurar o reembolso das viagens ou encontrar uma solução alternativa de transporte, para além de assegurarem o alojamento e refeições.
Foi o que aconteceu aquando da nuvem de cinzas vulcânicas, em Abril do ano passado. Nessa altura, as companhias de aviação juntaram-se para contestar as regras comunitárias e Bruxelas chegou a disponibilizar-se para lhes conceder apoios financeiros, mas a ajuda não avançou.
Voos proibidos para criaçasHoje, a Ryanair anunciou outra decisão polémica, ao divulgar que vai criar voos exclusivos para adultos, a partir de Outubro, “após um inquérito feito na Europa a 1000 passageiros, onde metade admitiu que pagaria tarifas altas para evitar as crianças dos outros”.
O estudo terá revelado que “um terço dos passageiros teve o seu voo arruinado devido ao barulho dos filhos dos outros passageiros e que um em cada cinco passageiros pediu à Ryanair que restringisse o número de crianças por voo”.
A interdição a crianças vai começar em Outubro, em algumas das “rotas frequentes”, esclareceu a low cost, sem divulgar que frequências vão passar a ter este tipo de voos.