Caleidoscópio vai ser centro universitário para dar uma nova vida ao Campo Grande

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Edifício original da década de 1970 será expurgado dos acrescentos feitos ao longo do tempo RUI GAUDÊNCIO

O projecto, a concluir até Junho de 2012, inclui uma esplanada coberta por "uma grande pala translúcida e iluminada", um auditório e uma sala de estudo aberta 24 horas por dia

A Universidade de Lisboa vai reabilitar o antigo Centro Comercial Caleidoscópio, que está em avançado estado de degradação e onde hoje funciona apenas uma livraria. O projecto ontem apresentado passa por transformá-lo num centro académico que pretende afirmar-se como uma "peça fundamental na revitalização" do Jardim do Campo Grande.

O edifício, de que muitos se lembrarão pelo cinema que lá funcionou entre 1974 e 1994 - e que chegou a ter Lauro António como director de programação -, é propriedade municipal, mas foi agora cedido à Universidade de Lisboa por 50 anos. É a esta entidade que caberá realizar as obras para que, até ao final do primeiro semestre de 2012, o espaço reabra com uma nova funcionalidade.

Pedro Oliveira, autor do projecto de requalificação do edifício, explicou ontem que a intervenção será levada a cabo no imóvel construído no início dos anos de 1970 e também na sua envolvente. A ideia, explicou o arquitecto, é fazer com que a zona do novo centro académico passe a ser utilizada como um dos acessos preferenciais ao Jardim do Campo Grande e constitua uma ligação ao campus universitário e à cidade.

Nesse sentido, diza memória descritiva do projecto, os passeios em frente à fachada principal do Caleidoscópio serão ampliados, o estacionamento reduzido e será criada uma grande esplanada, mesmo em frente ao lago que ali existe. Sobre essa zona de estadia e a parte fronteira do jardim vai ser construída, diz Pedro Oliveira, "uma grande pala translúcida e iluminada", pensada para "marcar" o edifício renovado.

Quanto ao imóvel original desenhado por Nuno San Payo, o arquitecto Pedro Oliveira explicou que este será expurgado de todos os "acrescentos feitos ao longo do tempo", como máquinas de climatização e ventilação, tubagens, toldos, anexos, antenas, depósito de água e painéis publicitários. Assim, diz o autor do projecto de requalificação, ficarão "mais claras, mais legíveis as características do hexágono típico dos anos 70" que dá forma ao edifício.

No seu interior irá nascer, depois de uma "reorganização interna" em que não se mexerá na estrutura do edifício, um centro académico com um auditório com 80 lugares, uma sala de ensaios, oito gabinetes e seis salas de trabalho (duas das quais para "entidades de natureza ambientalista" a indicar pela Câmara de Lisboa), tudo na cave. No rés-do-chão haverá uma livraria técnica, uma cafetaria com esplanada, uma "loja do estudante" e um espaço de exposições temporárias. No último piso haverá um restaurante e uma sala de estudos que o reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa, quer que esteja aberta 24 horas por dia.

O líder da autarquia, António Costa (PS), congratulou-se com o facto de "finalmente" se recuperar o Caleidoscópio, depois de a Câmara de Lisboa ter estado "muitos anos em contencioso" com os anteriores concessionários do espaço. O autarca acredita que o novo centro académico será "uma âncora" para "devolver vida" ao Jardim do Campo Grande.

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