Arábia Saudita anuncia regresso histórico a eleições municipais

O anúncio de realização do sufrágio – com a primeira fase a iniciar-se já em Abril – foi feito esta manhã no website do Ministério dos Assuntos Municipais e Rurais, sem mencionar se o voto vai ou não ser permitido também às mulheres. O comunicado precisa ainda que o ministério já iniciara os preparativos para estas eleições há alguns meses.

O país, maior exportador mundial de petróleo, realizara eleições para escolher metade dos assentos nos conselhos municipais em 2005, então pela primeira vez em 40 anos. Decorreram nessa altura em diversas fases de voto e as mulheres ficaram excluídas dos direitos de eleger e fazerem-se eleger. Uma nova ronda eleitoral deveria ter-se seguido em 2009, mas o Governo anunciou nessa altura um adiamento de dois anos, com uma data limite de realização do mesmo para Outubro próximo.

Com esta iniciativa, o regime saudita tenta acalmar a tensão no país, depois de o rei Abdullah ter já, nas últimas semanas, concedido um pacote de mais de 93 milhões de dólares em aumentos de ordenados e subsídios sociais e financiamentos para as forças de seguranças e as estruturas religiosas no país.

Esta é, porém, a primeira concessão política feita pelas autoridades desde que a minoria populacional xiita na Arábia Saudita começou a fazer manifestações na Província de Leste, região onde se localiza a maior parte dos campos de petróleo do país, denunciado ser discriminada na obtenção de postos de trabalho nos serviços públicos e benefícios.

A capital, Riade, tem igualmente sido palco de alguns protestos, sempre pequenos, em que os manifestantes exigem informações sobre os milhares de prisioneiros que as autoridades mantêm presos há vários anos, sem julgamento, sob acusações de terrorismo. Em nenhuma ocasião foram ouvidos slogans abertamente contra o regime.

Uma marcha convocada através da rede social online Facebook para 11 de Março passado não recebeu, de resto, resposta maciça da população nas maiores cidades sauditas – onde, aliás, se esperaria uma enorme mobilização do aparato de segurança, estando as manifestações proibidas no país.

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