Elizabeth Taylor: o perfil de uma estrela

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Era uma das mais icónicas estrelas de Hollywood. Ganhou dois Óscares. Casou-se oito vezes, duas delas com Richard Burton, com quem protagonizou um dos mais arrebatados romances de Hollywood. Era uma mulher de excessos. Era apaixonada pelo seu trabalho. Pelos homens. Pela vida. Foi dela que se despediu hoje, aos 79 anos de idade.

No auge da sua carreira, Liz era uma das mais bonitas mulheres do mundo. E uma das melhores actrizes de Hollywood. As décadas de 1950 e 1960 foram os seus anos de glória. Recebeu quatro nomeações para Óscares entre 1958 e 1961. Apenas ganhou dois, pelos papéis nos filmes "Butterfield 8" (1961) e "Quem Tem Medo de Virginia Woolf" (1967).

Mas a carreira de Elizabeth Taylor começou muito antes. Liz nasceu em Londres no dia 27 de Fevereiro de 1932, filha de uma ex-actriz e de um negociante, ambos americanos. Os seus pais mudaram-se para a Califórnia quando tinha sete anos e pouco depois o seu talento ficou a descoberto.

O mundo tomou conhecimento pela primeira vez dos seus olhos azul-violeta no seu filme de estreia, There's One Born Every Minute, tinha Liz dez anos. Nessa altura ainda não tinha o cabelo impecavelmente armado que a viria a caracterizar mais tarde. Nestes tempos usava o cabelo comprido e solto. Ainda com este look juvenil entrou no clássico Lassie Come Home, embora tenha começado a conquistar a sua legião de fãs contracenando não com cães, mas com cavalos, no filme National Velvet.

A partir deste momento Elizabeth Taylor transformou-se em mais uma child star da fábrica Metro Goldwyn Mayer (MGM), a par de nomes como Mickey Rooney e Judy Garland. Liz guarda memórias agridoces desses tempos: “Tinha dez anos quando cheguei à MGM e passei os 18 anos seguintes atrás das paredes daqueles estúdios. Era uma rapariguinha a crescer num sítio estranho; é-me difícil separar aquilo que era real daquilo que não era”, disse a actriz em 1974, como recorda a NPR.

As décadas seguintes foram de exaltação de todo o seu talento. A sua interpretação em Cleópatra colou-se-lhe à pele. Como se a rainha egípcia e a divindade de Hollywood se tivessem transformado numa mesma substância.

Durante estes anos, Taylor alcançou o estatuto de diva. A sua vida era de excessos. Sobretudo amorosos e financeiros. Tentou o suicídio quando o seu amado Richard Burton lhe disse que nunca poderia abandonar a mulher. Quando finalmente o teve para si - transformando-o no seu quarto marido - começaram a viver uma vida de luxos. A expressão spending money like the Burtons começou a fazer parte do léxico americano. Foram o casal-sensação de Hollywood durante alguns anos. A relação era arrebatada, poética, perdulária. Findo o Liz&Dick, Taylor partiu para outra. A actriz casou-se ainda mais duas vezes.

As suas tragédias pessoais e os seus múltiplos casamentos fizeram muitas capas de revista. Liz continuou, indiferente, como só conseguem ser indiferentes as estrelas que brilharam numa altura em que o star system de Hollywood era ainda algo de sagrado.

“Elizabeth Taylor foi lançada através dos filmes, mas tornou-se maior do que os filmes”, disse à NPR Peter Rainer, ex-presidente da National Society of Film Critics.

Nos últimos anos, Elizabeth Taylor era uma imagem deformada do seu auge. Engordou muito, tinha uma saúde débil, deslocava-se em cadeira de rodas... Na década de 1990, Liz foi submetida a duas operações de substituição de anca e quase morreu de pneumonia. Em 1997 foi igualmente submetida a uma complicada remoção de um tumor cerebral. Nessa altura não hesitou em aparecer ao mundo de cabeça rapada. O objectivo - reconheceu então - era dar força a quem, como ela, estivesse a passar por problemas semelhantes.

É igualmente conhecida a sua luta contra o vírus da sida. Em 1991 fundou a American Foundation for AIDS Research (AmFar), após a morte do seu colega actor e grande amigo Rock Hudson, em 1985. Nunca deixou de angariar fundos para esta causa, mesmo quando já estava muito debilitada fisicamente.

Era muito amiga do também falecido Michael Jackson. A morte do cantor, em Junho de 2009, abalou muito a actriz. Precisamente por estar muito fraca, Liz não pôde comparecer às cerimónias fúnebres de Jackson, mas publicou um comunicado em que dizia: “Irei sempre amar o Michael do fundo do meu ser e nada nos poderá separar”.

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