Sismo terá causado mais de 15 mil mortos só numa província do Japão

Foto
À medida que tempo passa, os sobreviventes regressam ao que restou dos lugares onde viviam Damir Sagolj/Reuters

No Japão ainda se procuram sobreviventes, e ainda há “milagres”. Mas o número de mortes causadas pelo sismo aumenta com o passar do tempo e só na província de Miyagi foram mais de 15 mil, segundo a polícia.

O sismo e o tsunami que devastaram o Nordeste do Japão a 11 de Março causaram pelo menos 8450 mortes e 12.931 feridos, segundo os dados oficiais divulgados neste domingo pela polícia. Ao todo há mais de 20.000 mortos e desaparecidos, mas poderão ser muitos mais. O chefe da polícia da província de Miyagi disse à agência japonesa Kyodo que só naquela região morreram pelo menos 15.000 pessoas.

“Vamos precisar de sítios onde guardar mais de 15.000 corpos”, disse o chefe da polícia de Miyagi, uma das zonas mais afectadas pelo sismo de magnitude 9,0 na escala de Richter e o tsunami que se lhe seguiu. Hoje, no entanto, a região pôde celebrar o resgate, dez dias após o terramoto, de uma mulher de 80 anos e um rapaz de 16 anos que foram retirados dos escombros de sua casa na cidade de Ishinomaki, anunciou a polícia.

Ambos estavam fracos, mas conscientes, e foram transportados de helicóptero para o hospital. Segundo a AFP, Sumi Abe e o jovem Jin tiveram a sorte de estar na cozinha quando a sua casa ruiu. Graças a isso puderam alimentar-se do que tinham no frigorífico, nomeadamente iogurtes, contam os socorristas. Tinham uma ligeira hipotermia, mas conseguiram responder aos gritos das equipas de resgate.

No Japão há mais de 35 mil pessoas a viver em abrigos provisórios em 15 províncias afectadas pelo terramoto e vários países têm enviado ajuda humanitária. Do Canadá chegaram 25 mil cobertores, de Taiwan 500 geradores eléctricos, adiantou a Kyodo. Cerca de 20 mil pessoas foram retiradas da área em redor da central de Fukushima 1, que ficou danificada após o sismo e onde as equipas procuram evitar uma catástrofe nuclear.

”Desenvolvimentos positivos” em Fukushima 1

Desde quinta-feira tem sido lançada água sobre os edifícios dos seis reactores da central, em particular dos reactores quatro e três, o que está a causar maior preocupação. As piscinas onde é depositado o combustível usado nos reactores ficaram praticamente a céu aberto e sobre elas tem sido lançada água para baixar a temperatura, cobrir as barras de combustível e impedir a libertação de radiação.


A Tokyo Electric Power anunciou que, neste domingo de manhã, houve um arrefecimento nas piscinas dos reactores 5 e 6, o que é um sinal positivo. E depois de terem conseguido ligar um cabo eléctrico ao reactor 2 da central, os engenheiros esperam agora que o restabelecimento da energia permita pôr a funcionar o sistema de arrefecimento dos reactores.

“Ainda vai haver altos e baixos por mais algum tempo”, dizia ontem o porta-voz do Governo, Yukio Edano. Graham Andrew, responsável da Agência Internacional de Energia Atómica, adiantou que “houve desenvolvimentos positivos nas últimas 24 horas, mas a situação continua a ser muito séria.”

Andrew adiantou à Reuters que o nível de radiação em diversas cidades japonesas não mudou significativamente desde sábado e continuou abaixo dos níveis considerados perigosos para a saúde. Mas confirmou que, em produtos como o leite e vegetais frescos de alguns locais, as medições detectaram níveis de radiação “significativamente acima dos níveis definidos no Japão para o consumo”. O Governo proibiu a venda leite da região de Fukushima e espinafres de outra região próxima.

Sugerir correcção
Comentar