Desertificação e aridez dos solos atinge mais de 60 por cento do território continental

Mais de 60 por cento da área do território continental português é considerada desertificada e árida, disse hoje à Agência Lusa, Lúcio do Rosário, responsável pela coordenação do combate à desertificação em Portugal.

“Na última década, as áreas desertificadas no nosso país aumentaram para o dobro, ou seja passámos de 32 por cento de área desertificada e árida para mais de 60 por cento”, constatou o especialista.

Os novos dados, foram hoje revelados no decurso de um workshop técnico subordinado ao tema “ Desertificação, Biodiversidade, e Alterações Climáticas – Convergências na Acção”, que decorreu em Mogadouro, que reuniu técnicos e especialistas de diversas áreas ambientais.

Ainda de acordo com especialista, “só o litoral centro norte é que está livre da tendência de desertificação dos solos registada nos últimos 10 anos”.

Nos últimos anos, a zona da grande Lisboa e do litoral centro passou a ter “uma realidade semelhante a todo o território continental português”, com sinais claro de desertificação.

A situação só pode ser “invertida” com a utilização “correcta dos solos”, utilizando para o efeito “culturas apropriadas a cada região e às suas condições climáticas” e ao mesmo tempo “implantar” de um conjunto de medidas apropriadas, para minimizar este impacto da aridez nos solos.

“É preciso utilizar novas técnicas de silvicultura, evitar a degradação dos solos, não fazer lavouras intensivas” até porque “os solos podem levar muitos decénios para recuperar a sua forma produtiva”, exemplificou Lúcio do Rosário.

Nos últimos 20 anos foram verificadas pelos observatórios alterações climáticas “significativas” pelo que a aridez do território nacional acentuou-se de uma forma “brutal”.

“O ambiente nos últimos 10 anos em Portugal, comparando-o com os registos dos 30 anos anteriores, é claramente mais árido e seco, sendo uma questão na qual terá de haver reflexão”, considerou o especialista.

Sem quer fazer “futurologia”, o especialista estima que esta tendência vai acentuar-se nos próximos anos.

No entanto, para alterar a situação, é possível fazer culturas em regiões com condições de desertificação e aridez “extremas”, defendeu.

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