Hospital de S. João apresenta queixa contra hospital de Braga por transferência indevida de doentes

Foto
A directora clínica do S. João diz que o Hospital de Braga transferiu indevidamente cerca de 700 doentes para aquela unidade Paulo Pimenta

Em declarações à agência Lusa, a directora clínica do S. João, Margarida Tavares, garantiu que no último ano o Hospital de Braga transferiu indevidamente cerca de 700 doentes para aquela unidade.

“Estamos disponíveis para colaborar com todos os hospitais, incluindo com o de Braga, desde que este assuma as suas responsabilidades e não haja necessidade de o Estado pagar duas vezes pelo mesmo tratamento”, disse a diretora clínica do Hospital de S. João.

De acordo com a responsável, estas transferências têm acontecido com “alguma frequência, principalmente com o serviço de Urgência, mas também com algumas actividades programadas, algumas bastante onerosas, e de internamento”.

Os doentes “vêm directamente transferidos do Hospital de Braga e de outras unidades hospitalares da zona, que deviam drenar para Braga e não para o Porto”.

“A explicação é dada nas próprias cartas de transferência, que alegam insuficiência de recursos. Desde Julho que estamos a fazer uma monitorização apertada à situação e iremos agora apresentar a avaliação que fizemos caso a caso para que a ERS possa actuar”, explicou.

O Hospital de Braga “deve cumprir as obrigações que tem perante o Serviço Nacional de Saúde”, frisou Margarida Tavares, garantindo, contudo, que “todos os doentes que chegam ao S. João são tratados e devidamente encaminhados”.

“Além do incumprimento do contrato que o Hospital de Braga tem com o Estado, esta situação prejudica muito os doentes e os seus familiares, no caso de ser necessário internamento”, frisou.

A título de exemplo, a directora clínica referiu que há doentes que são encaminhados de Braga para o Porto para tratar problemas dentários, otites e amigdalites, entre outras patologias.

Desde o início do ano, a sociedade gestora do Hospital de Braga foi já multada duas vezes pela Administração Regional de Saúde do Norte, no total de mais de 800 mil euros, por “incumprimento de deveres de informação” e por ter referenciado indevidamente doentes para hospitais do Porto.

O Hospital de S. Marcos, em Braga - gerido desde 2009 pela Escala Braga, empresa do grupo José de Mello Saúde (ao abrigo de uma parceria público-privada) - tem uma urgência polivalente que é remunerada pelo Ministério da Saúde para estar disponível 24 horas por dia.