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Pacheco Pereira critica "falta de consistência" de Passos Coelho

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Pacheco Pereira

O deputado do PSD defende que o Governo deve continuar até 2013 e critica a "navegação à vista" do líder do partido. Aguiar-Branco pede mudança de governo

O deputado do PSD Pacheco Pereira acha que o Governo, se for capaz de continuar a execução orçamental sem descalabro total, deve cumprir a legislatura toda até 2013. "As democracias têm procedimentos" e "não devemos interromper, traumaticamente, esses procedimentos", declarou em entrevista ontem publicada no Diário de Notícias do Funchal.

"Uma queda de governo é sempre algo de traumático na vida democrática, é uma medida forte, tipo bomba atómica", acrescentou o conhecido dirigente do PSD e comentador da SIC. "Se este Governo conseguir manter a execução orçamental, acho preferível que continue até ao fim da legislatura", defendeu Pereira, acrescentando que isso evitaria que "o primeiro-ministro se vitimizasse", dizendo que "estava a fazer o que era fundamental, a pôr as contas em ordem e os malvados da oposição deitaram a baixo".

A partir do momento que o PSD permitiu a passagem deste Orçamento e aprovou o PEC I e II "tem, quer queira quer não, um contrato implícito com o Governo para ele executar essas medidas", e não pode "colocar os interesses do seu aparelho acima dos interesses nacionais". "Por muito que haja pessoas no PSD que estão mortinhas para ir para eleições, umas porque não gostam do primeiro-ministro, outras porque querem de novo a dança dos deputados, outras porque querem chegar ao poder e já estão a distribuir cargos de ministros e de secretários de Estado, por muito que queiram isso, tem de haver uma razão fortíssima para o PSD participar em qualquer processo que implique a queda do Governo", diz, frisando que "o PSD tem de ser visto como um partido responsável".

Apesar de ter Pedro Passos Coelho ter "os ventos todos a seu favor", "a consistência do seu discurso já não é muito clara", critica. "Há propostas tipicamente liberais, quase todas seguidas de um recuo e isso acaba por criar uma situação pastosa", concretiza, acrescentando que "isso já vem de antes de ser líder partidário". Do ponto de vista da condução política, o presidente do PSD "tem sido uma navegação de cabotagem, como se diz, à vista da costa", conclui.

Já o deputado social-democrata Aguiar-Branco declarou ontem que "é de interesse nacional mudar o governo", considerando que este está "em fim de estação" e que a única remodelação possível é a do próprio primeiro-ministro, José Sócrates. "Só posso dizer o que já disse no passado: se o Governo não muda, é do interesse nacional mudarmos o governo", defendeu. Para o deputado social-democrata, "o Governo mostra que não muda ele próprio, mostra que a única remodelação possível para que se saia deste estado cada vez mais gravoso em que o país se encontra é a remodelação do próprio primeiro-ministro".

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