Merkel elogia reformas em Portugal, mas diz que é preciso assegurar a sua implementação

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Foto: Thomas Peter/Reuters

Depois de ter reunido durante mais de meia hora com José Sócrates, em Berlim, a chanceler alemã saudou as reformas levadas a cabo pelo Governo português para a consolidação orçamental, mas sublinhou que Portugal precisa de concretizar a sua implementação.

Angela Merkel assegurou que não foi discutida a hipótese de Portugal vir a beneficiar da ajuda do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF), cuja flexibilização os Vinte e Sete vão discutir nas próximas duas cimeiras dos líderes europeus, em Março.

Em conferência de imprensa a seguir ao encontro, de sua iniciativa, com o primeiro-ministro português, a chefe de Governo alemã sublinhou que Portugal tem dado passos na direcção certa, apelidou as medidas de austeridade de corajosas e disse que “Portugal está num muito bom caminho”.

Embora defendendo não serem precisas medidas de austeridade adicionais – Merkel diz que Portugal e Espanha desenvolveram “reformas consideráveis” – a chanceler alemã disse que “as reformas devem ir mais além”, assumiu (a agência Reuters traduziu as palavras da chanceler como “The reforms must go further”). Para a chanceler, as medidas estruturais em Portugal estão tomadas, e, agora, os resultados "dependem da sua implementação”.

Por seu lado, o primeiro-ministro português reforçou que a Europa deve dar uma resposta comum à crise da zona euro. Deixou claro: “Não é necessário ajuda externa”. E rejeitou a ideia de subserviência por causa de se encontrar em Berlim com Merkel, dizendo que “Portugal tem oito séculos de história e não é subserviente com ninguém, a não ser com o seu povo”, cita a Lusa a partir da capital alemã.

Sócrates partiu para Berlim para convencer a chanceler alemã da seriedade do plano de consolidação português e levou consigo um trunfo: os dados preliminares da execução orçamental de Fevereiro, que apontam para uma descida de 3,6 por cento na despesa efectiva do Estado nos dois primeiros meses do ano.

Europa poderá discutir ajuda à Irlanda

E se Merkel colocou de parte a ideia de uma ajuda a Portugal no âmbito do fundo de socorro do euro, disse que a Alemanha está preparada para discutir uma eventual renegociação do pedido de ajuda por parte da Irlanda, avança a Reuters.

“Se um membro [da zona euro] faz um pedido, naturalmente iremos lidar com isso”, disse, para depois insistir que o pacote de ajuda irlandês “ainda é recente” e que foi acordado “há apenas algumas semanas ou meses”.

“Não posso dizer, hoje, se vamos alterar o fundo” de socorro, insistiu.

Notícia actualizada e alterada às 20h06Nota: Às 17h35 de 4 de Março de 2011, a agência Reuters emitiu uma rectificação, corrigindo a tradução (de alemão para inglês) das palavras de Angela Merkel, dizendo que a chanceler alemã não tinha afirmado que as reformas económicas em Portugal deviam ir mais além. “Quero dizer claramente que os esforços que Portugal tomou não só têm o nosso apoio, mas quero dizer claramente que foram dados passos corajosos, que irão continuar”, cita agora a Reuters, na versão rectificada das declarações da chanceler.
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