Teixeira dos Santos: esforço nacional poderá ser em vão se a Europa não der passos necessários

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Pedro Cunha/ arquivo

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, afirmou hoje que o esforço que Portugal terá de fazer em termos de contas públicas terá de ser acompanhado pelas decisões certas a nível europeu, caso contrário, poderá ser em vão.

Teixeira dos Santos reiterou também que o Governo fará tudo o que for necessário para conseguir alcançar o valor do 4,6 por cento défice público a que se propõe para este ano, incluindo novas medidas de austeridade se for preciso.

“Aconteça o que acontecer, tudo faremos - e estamos preparados para o fazer - para cumprir os objectivos orçamentais (...) para corrigir a situação e garantir o cumprimento desses objectivos”, disse o governante, acrescentando que isso inclui “medidas adicionais se necessárias”.

“Os nossos esforços terão de ser acompanhados também pelo esforço europeu. Importantes decisões são esperadas no mês de Março. Espero que a Europa seja também capaz de dar os passos decisivos que se impõem. [...] Se a Europa não der estes passos, receio que todo este esforço seja em vão”, afirmou Teixeira dos Santos, na abertura da II Conferência Reuters/TSF, em Lisboa.

O governante mostrou-se, no entanto, confiante de que as decisões necessárias serão tomadas, até porque, no seu entender, poderá estar em causa um trabalho com mais de seis décadas, aludindo à sobrevivência da própria União Europeia. “Não me parece que os líderes europeus queiram deitar por terra este esforço de 60 anos”, afirmou.

O ministro considerou ainda que as experiências de apoio europeu à Grécia e à Irlanda não terão convencido os mercados de que o recurso ao apoio internacional é uma solução para o alastramento da crise da dívida, afirmando que, no caso de Portugal, os mercados procuram antes uma actuação sólida em três domínios (consolidação orçamental, crescimento económico e estabilização do sector financeiro).

“Olhando para o que tem sido a experiência da Grécia e da Irlanda, não me parece que os mercados financeiros estejam convencidos de que o recurso à ajuda europeia resolva os problemas nacionais e sejam de facto um grande contributo para a estabilização do euro.

Não me parece que aquilo que os mercados querem seja que Portugal peça ajuda, o que me parece é que os mercados querem acção nas três frentes que acabei de referir”, disse.

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