Prevista nova torre para a zona de Sete Rios

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Vista aérea de Sete Rios com um esquisso do novo edifício que a autarca pretende autorizar na vizinhança das Twin Towers dr

Antigos compromissos da autarquia ditam surgimento de mais um edifício de 25 andares. Centro comercial das Twin Towers também será autorizado a deixar crescer um novo edifício

A Câmara de Lisboa aprovou ontem a submissão a discussão pública do plano de pormenor da Avenida José Malhoa. O documento prevê a construção de uma torre de habitação nas proximidades das Twin Towers, junto a Sete Rios, e de altura idêntica às destas, que contam com 25 andares.

Mesmo que os lisboetas que participarem na discussão pública sejam contra mais uma torre numa zona já pejada de betão, não será fácil à autarquia mudar de planos. Quando o município vendeu a promotores privados o lote de terreno em causa, há décadas, assumiu também o compromisso de autorizar nele um grande volume de construção.

A ida do plano de pormenor a discussão foi aprovada com apenas um voto contra, o do vereador do CDS-PP António Carlos Monteiro. O autarca lembra como Krus Abecasis (CDS), presidente de câmara nos anos de 1980, foi criticado por defender a construção em altura. Quando o socialista Jorge Sampaio lhe sucedeu no cargo, foram proibidos edifícios com mais de oito pisos, prossegue o vereador centrista, sustentando que, actualmente, com o PS no poder, a lógica urbanística voltou a ser a dos edifícios altos, com o argumento de que isso liberta espaço ao nível do solo.

Comunistas e sociais-democratas abstiveram-se na votação de ontem. "Se o vereador do Urbanismo afirma que há compromissos incontornáveis, que remédio...", observou Ruben de Carvalho, do PCP. O vereador da Mobilidade, Nunes da Silva, também se absteve: "A câmara vendeu os terrenos e os direitos de edificabilidade por oito milhões de euros. Duvido que a solução pudesse ser outra", disse.

Do plano de pormenor faz ainda parte outro aumento, igualmente contestado pelo CDS: a autorização para ligar as Twin Towers com um novo edifício, ocupando o espaço de fruição pública ali existente e tornando assim maior o centro comercial das torres. O vereador do Urbanismo explicou que o novo piso do edifício permitirá fazer uma ligação ao interface de transportes de Sete Rios e reduzir a ventania na zona. "Depois da barbárie que ali foi feita, e já agora, por causa do vento, tomem lá mais um piso", ironizou António Carlos Monteiro. "Não consigo compreender."

Com este plano, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, promete aumentar a qualidade urbanística de uma avenida que qualificou como um "desconfortável mar de betão". A requalificação do espaço público passa, por exemplo, pela plantação de árvores, criar ou aumentar passeios e ordenar o estacionamento.

Na zona, que constitui um centro de sector terciário, concentram-se nada menos de sete hotéis e diversas empresas e entidades financeiras.

Para discussão pública irá igualmente o plano de pormenor da Boavista Nascente, na zona de Santos. Aqui, uma das principais objecções da oposição camarária relaciona-se com o facto de o município ir permitir a construção de cinco pisos de caves nos novos edifícios da zona ribeirinha, potenciando assim inundações em altura de muita chuva. "A mim não me causa perplexidade nenhuma", respondeu Manuel Salgado. "Entre o Cais do Sodré e Santos já existe no subsolo uma nave do metropolitano, a uma cota ainda mais baixa. Há partes do Centro Cultural de Belém 17 metros abaixo do rio e a Fundação Champalimaud está toda construída lá em baixo."

Um argumento que não convenceu Mafalda Magalhães de Barros (PSD): "Quanto mais barreiras ao escoamento construírem, mais inundações hão-de surgir noutros locais."

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