Ao Sporting já só resta lutar pela Taça da Liga

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Foi o Rangers a fazer a festa em Alvalade DR

“O que é que falta acontecer a esta equipa?” A pergunta de um abatido Paulo Sérgio a abrir o seu comentário à eliminação do Sporting na Liga Europa tivera uma resposta brutal nos instantes finais da partida com o Glasgow Rangers, em Alvalade. Um golo dos escoceses, quando já nem estes acreditavam, empatou o encontro em 2-2 (e a eliminatória em 3-3), afastando os “leões” das competições europeias por causa dos golos marcados fora e tornando ainda mais doloroso o sofrimento da equipa numa época que promete bater recordes negativos.

E se o Sporting continua a desiludir o menos exigente adepto, tem um lugar muito especial no coração do Glasgow Rangers, onde já é uma espécie de adversário fetiche. É que se a tradição imperar, os escoceses terão já um lugar reservado na final da Liga Europa, como aconteceu sempre que defrontaram e eliminaram os “leões”. Assim foi na temporada de 1971-72, quando os britânicos conquistaram a Taça das Taças, e voltou a acontecer em 2007-08.

Desta vez, nem os “protestantes” de Glasgow esperariam ser bem-sucedidos, quando, a sete minutos dos 90’, sofreram o segundo golo do Sporting (2-1) que anulava qualquer possibilidade de prolongamento e colocava os portugueses nos oitavos-de-final da prova (tinha-se registado um empate a uma bola há na primeira mão). Mas, nas bancadas, a festa portuguesa transformou-se em incredulidade quando surgiu o derradeiro golpe de teatro do encontro, nos instantes finais dos descontos.

O Sporting falhou mais um objectivo frente a um adversário perfeitamente ao seu alcance, como ficou demonstrado nos dois encontros. E o que resta agora na época competitiva leonina? A Taça da Liga, onde irá decidir a sua continuidade na próxima quarta-feira, frente ao Benfica, no Estádio da Luz. Em caso de insucesso, ao “leão”, ineditamente afastado de todas as competições em que participa no princípio de Março, restará lutar pelo terceiro lugar ou, pelo menos, pela participação nas competições europeias da próxima época. Não há memória de pior.

Mas tudo poderia ter sido minimizado se o Sporting tivesse aguentado os quatro minutos dos descontos sem mais um dos recorrentes erros defensivos que têm traído a equipa em momentos cruciais. Numa altura em que os britânicos jogavam em desespero contra o relógio, um cruzamento para a área encontrou um grupo de jogadores do Rangers, sem marcação, no poste direito da baliza de Rui Patrício, acabando por ser o pé do brasileiro Edu a encostar para o 2-2 final. Uma falha incompreensível para uma equipa com a experiência e ambição do Sporting.

Num outro contexto, o lance capital do jogo poderia ter sido o excelente golo de Djaló, aos 83’ (a cruzamento de João Pereira), a desempatar um persistente 1-1, que levaria a decisão para o prolongamento.

Com poucos espectadores em Alvalade e com uma parte significativa dos mesmos a gritarem pelo Rangers, os “leões entraram melhor, gerindo a posse de bola, mas com pouca ambição atacante. E seriam os escoceses, na primeira vez que chegaram à baliza leonina a marcarem, com Diouf a cabecear perante a apatia de Polga. Tardou a reacção da casa, mas surgiria ainda antes do intervalo, com Pedro Mendes a “trair” a sua anterior equipa e a reequilibrar o marcador. O segundo tempo trouxe um Sporting mais determinado, criando várias oportunidades, mas no final somaria o sexto encontro consecutivo sem vencer.

POSITIVORangers

Os escoceses nunca desistiram e acabaram por ser recompensados pouco antes do apito final. A equipa compensa algumas lacunas com uma postura aguerrida, mas seria, normalmente, um adversário acessível para um Sporting com outro moral. Perdeu no fim-de-semana o duelo com o Celtic, por 3-0, mas perante um adversário com a mesma camisola compensou o desaire.


Maurice Edu

O brasileiro empurrou para um golo que valeu uma grande festa em Glasgow.


Djaló

Mal na primeira metade, melhorou substancialmente quando Paulo Sérgio o colocou no centro como segundo ponta-de-lança, onde a sua rapidez pode fazer a diferença, como fez. A mudança veio tarde.


NEGATIVOPaulo Sérgio

Começa a ser muito complicado manter o treinador à frente da equipa técnica. As eleições estão à porta, mas os próximos encontros são decisivos para a Taça da Liga e para a manutenção de um terceiro lugar do campeonato, o mínimo a que obriga a dignidade leonina. Caso o treinador não se demita, o valor da rescisão será tão válido agora como no final da temporada.


Defesa do Sporting

Erros defensivos infantis e pouco justificáveis. Particularmente no centro das críticas está Polga, um central de grande experiência, que voltou a falhar. Muito longe vão os tempos em que Paulo Bento o considerou um dos melhores do mundo.


Foster

Foi o pior do Rangers e os “leões” poderiam ter aproveitado melhor a sua intranquilidade na defesa.


Ficha de jogo

Jogo no Estádio de Alvalade, em Lisboa.


Assistência 15.375 espectadores.


Sporting

Rui Patrício 6, Abel 4, Polga 4, Torsiglieri 5, Evaldo 5, Pedro Mendes 6 (Saleiro -, 81’), Zapater 5, João Pereira 6, Matias Fernandez 6 (Nuno André Coelho -, 90+1’), Yannick 6 e Hélder Postiga 4 (André Santos -, 87’). Treinador Paulo Sérgio.

Glasgow

Rangers McGregor 6, Foster 4, Bougherra 4, Weir 6 (Lafferty 6, 71’), Bartley 5, Papac 6, Davis 6, Whittaker 5, Edu 7, Fleck 5 (Weiss 5, 71’) e Diouf 6 (Healy -, 82’). Treinador Walter Smith.

Árbitro

Paolo Tagliavento 6, de Itália.

Amarelos

Zapater (10’) e Edu (58’).

Golos

0-1, por Diouf, aos 20’; 1-1, por Pedro Mendes, aos 42’; 2-1, por Yannick, aos 83’ e 2-2, por Edu, aos 90+2’.

Notícia actualizada às 22h15
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