Autocarro eléctrico 100 por cento português entra em fase de testes

Projecto tem a assinatura da Salvador Caetano e pode afirmar-se nas linhas de transporte dos aeroportos

Saiu ontem da linha de produção e vai entrar na fase de testes o primeiro autocarro eléctrico concebido, desenvolvido e produzido em Portugal, o Caetano 2500 EL. Tem baterias de lítio que chegam para 100 quilómetros e autonomia de oito a dez horas de utilização diária, para um percurso citadino típico. É um veículo destinado a segmentos de nicho, entre os quais se conta o dos autocarros de aeroporto, onde a empresa de Gaia já é líder, como lembrou o presidente da Salvador Caetano, José Ramos.

O primeiro-ministro, José Sócrates, reconheceu que não havia nenhuma razão para que os aeroportos nacionais não usassem apenas autocarros eléctricos nos seus circuitos, por "não fazerem barulho, porque não poluem o ambiente e porque permitem uma gestão mais eficiente". "O ideal seria que a energia eólica que é produzida à noite pudesse ser armazenada para abastecer estes autocarros", disse.

Mas os outros reptos lançados por José Ramos na cerimónia a que compareceu uma vasta comitiva (entre governantes, autarcas, deputados e representantes da região) acabaram sem resposta. "A aquisição deste tipo de viaturas por parte das empresas de transportes urbanos será o maior reconhecimento para a nossa aposta e um incentivo ao consumo de produtos feitos em Portugal", exortou. Aos jornalistas, Fernanda Meneses, presidente do serviço de transportes colectivos portuenses (STCP), preferiu recordar que "a empresa já deu provas de que não é nada conservadora" e que actualmente já tem metade da sua frota a circular com as chamadas energias alternativas (gás natural). Por a frota ser jovem e por o momento ser de contenção nos investimentos, as encomendas à Caetano Bus serão, para já, moderadas. "Mas ficaremos atentos. E talvez quando estes veículos tiverem mais autonomia... ", admitiu.

O novo autocarro, cujo projecto significou um investimento de quatro milhões de euros, deverá chegar ao mercado a 500 mil euros por unidade, baterias incluídas. Um investimento "demasiado elevado para uma aposta única do sector privado", recordou José Ramos. O aumento de produção deste veículo - a que estão afectos 100 funcionários da empresa - irá acontecer à medida do crescimento do próprio mercado. A empresa criou nos últimos dois anos um banco de horas, por altura das paragens da fábrica, e agora os colaboradores preparam-se para trabalhar dez horas diárias para dar resposta às encomendas.

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