Corto Maltese com morada fixa em Veneza

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Casa-museu, com aguarelas, reproduções das pranchas originais e muitos objectos inspirados no seu universo

Corto Maltese ensina o viajante a perder-se nas ruas de Veneza, nos seus jardins escondidos por muros altos e por estreitos túneis de pedra à beira dos canais. Fá-lo na "Fábula de Veneza" - um livro poderoso sobre uma misteriosa esmeralda, sociedades secretas e lugares mágicos que o seu criador, Hugo Pratt, publicou em 1977 -, mas também no livro de itinerários editado em 2010 pelo consórcio Lonely Planet/Casterman ou no guia que os mesmos Lele Vianello e Guido Fuga criaram para a Lizard, "Corto Sconto - La Guida di Corto Maltese alla Venezia Nascosta".

Mas agora quem for a Veneza à procura dos recantos onde Pratt (1927-1995) deixou que Corto se entregasse às suas aventuras tem mais uma paragem obrigatória. É na Rio Terà dei Biri que fica a Casa de Corto Maltese (www.lacasadicorto.it), uma instituição privada que abriu no último domingo e promete dar a conhecer a Veneza deste marinheiro culto e sonhador que faz da viagem um destino e é uma espécie de alter-ego do seu autor. Esta casa-museu, com aguarelas, reproduções das pranchas originais e muitos objectos inspirados no seu universo, está decorada com mobiliário dos anos 70 e espera ainda uma colecção de livros da biblioteca pessoal de Pratt. Tudo para criar a atmosfera ideal para os laborató-rios de ilustração que organiza (onde participam autores de BD como Vianello e Fuga, colaboradores de Pratt) e servir de ponto de partida a passeios pela cidade.

Manuela Marchesani, publicitária e mentora do projecto, disse ao diário espanhol "El País" que teve a casa de Sherlock Holmes em Londres como modelo e foi guiada pelo desejo de levar a aventura à vida dos mais novos e de retirar os adultos de um certo "analfabetismo emocional". Ambicioso? Talvez. Mas, tendo Corto Maltese como paradigma, tudo parece possível: "Os anos em Veneza duram sem-pre um pouco mais", dizia. Para os que se habituaram a viajar com ele pelo Pacífico e pela América do Sul, é estra-nho pensar que, a partir de agora, o marinheiro tem morada fixa. Mesmo que a sua casa seja em Veneza.

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