Um "derby" ganho sob as regras de Gaitán

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Martins e Gaitán celebram o segundo golo do Benfica Hugo Correia/Reuters

O Benfica ganhou ao Sporting (0-2) porque foi mais eficaz. Porque tem melhor equipa, melhores jogadores, melhor treinador. E, acima de tudo, porque tem Nicolas Gaitán. O argentino foi a estrela-mor de um derby em que o Benfica mostrou que também sabe sofrer e em que o Sporting arriscou tarde, não sabendo aproveitar o facto de ter jogado meia parte em superioridade numérica.

Estava decorrida pouco mais de uma hora em Alvalade, quando aconteceram dois lances paradigmáticos do momento das duas equipas. Djaló teve uma arrancada poderosa, mas, na hora da verdade, falhou o passe para Cristiano – mais um exemplo de uma equipa sem confiança. Na resposta, Gaitán correu meio-campo com a bola, antes de ser derrubado por Polga. Na sequência do livre, o argentino marcou (63’), juntando eficácia e sorte (a bola desviada por Polga traiu Rui Patrício). Era mais um exemplo de uma equipa madura e que, mesmo sem ser exuberante, até marcou com menos um homem em campo.

Antes de o jogo começar, a balança já estava muito inclinada para o Benfica. O clube da Luz é hoje mais estável do que o rival, possui muito mais recursos financeiros e, acima de tudo, tem uma melhor e mais confiante equipa de futebol. Para piorar o cenário leonino, o treinador Paulo Sérgio (por castigo) teve de seguir o jogo na bancada e viu-se privado de jogadores importantes, como Evaldo (castigado) e Valdés (lesionado). Ao que se juntou ainda Carriço, baixa de última hora por causa de uma lesão na coxa.

O início do encontro confirmou a lógica. Gaitán podia ter marcado logo aos 3’ e aos 15’ construiu a jogada do primeiro golo, finalizado por Salvio - o argentino antecipou-se a Grimi.

Mesmo sem criar muitas oportunidades, o Benfica dominava o jogo e não permitia que o Sporting trocasse a bola. A pressão alta obrigava os “leões” a fazer passes longos, condenados quase sempre ao fracasso – uma das excepções foi um lance aos nove minutos, em que o Sporting reclamou penálti sobre João Pereira.

Matías Fernández era o único jogador do Sporting com coragem para assumir o jogo e foi ele que resgatou a equipa leonina da letargia. Dois contra-ataques após cantos do Benfica acordaram os “leões”, que acabaram a primeira parte a pressionar o rival. Uma pressão que não deu golos foi capaz de criar uma oportunidade de golo, mas resultou na expulsão de Sidnei, por acumulação de amarelos.

Jesus teve então de prescindir de um avançado (Saviola) para recompor a defesa (entrou Jardel). E o Sporting criou, finalmente, boas oportunidades de golo. Só que Matías Fernández não foi capaz de bater Roberto, nem Djaló foi mais rápido do que Coentrão na recarga (54’). O lutador Postiga (58’) ainda fez um cabeceamento perigoso, mas estava demasiado só, porque a equipa técnica tardava em arriscar.

O Sporting, que iniciou o jogo a atacar em 4x3x3 e a defender em 4x5x1, não aproveitou a superioridade numérica e pagou caro. A tal jogada de Gaitán colocou um ponto final no jogo e tornou inútil o risco assumido depois: defesa de três homens e entradas de Saleiro e Salomão.

A equipa de Alvalade soma agora cinco jogos sem vencer, há sete derbies que não vence o Benfica e vê o terceiro lugar em risco. Já o Benfica leva 15 vitórias seguidas, dez das quais na Liga – um recorde na era de Jorge Jesus que deixa um aviso importante para o FC Porto, que tem oito pontos de vantagem a dez jornadas do fim: não se distraiam.

POSITIVOGaitán

Uma assistência, um golo e um par de boas jogadas do argentino, que cada vez é mais importante no Benfica. Salvio também esteve em bom plano.


Matías

Foi o melhor jogador do Sporting e merecia mais companhia. Postiga também lutou muito, mas esteve desacompanhado.


NEGATIVOGrimi

Mais uma exibição desastrosa. Foi batido no lance do primeiro golo e não esteve bem nem a atacar nem a defender. João Pereira também sentiu muitas dificuldades frente a Gaitán.


Equipa técnica do Sporting

É certo que é mais difícil tomar decisões quando o treinador principal está na bancada, mas a equipa técnica “leonina” foi incapaz de explorar a superioridade numérica. Demorou demasiado tempo a colocar um jogador ao lado de Postiga.


Sidnei

Estava a mostrar-se capaz de substituir David Luiz, mas num jogo de pressão comprometeu. Viu dois amarelos em cinco minutos, deixando a sua equipa com menos um.


Incidentes nas bancadas

Entre os 25 minutos de jogo e o intervalo houve cargas policiais sobre as claques do Sporting que arrancaram cadeiras. Cenas lamentáveis.


Ficha de Jogo

Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.


Assistência 36.422 espectadores.


Sporting

Rui Patrício 6, João Pereira 5, Polga 4, Torsiglieri 5, Grimi 4 (Maniche -, 73’), Pedro Mendes 5 (Saleiro 5, 65’), André Santos 6, Matías Fernandez 7, Yannick 5, Hélder Postiga 6 e Cristiano 5 (Diogo Salomão -, 72’). Treinador Paulo Sérgio.

Benfica

Roberto 7, Maxi Pereira 6, Luisão 7, Sidnei 4, Fábio Coentrão 6, Javi García 7, Salvio 7, Carlos Martins 6 (Airton 5, 65’), Gaitán 8, Saviola 5 (Jardel 5, 46’) e Cardozo 5 (Jara -, 72’). Treinador Jorge Jesus.

Árbitro

Artur Soares Dias 6, do Porto.

Amarelos

Grimi (5’), Carlos Martins (24’), Pedro Mendes (25’), Gaitán (29’), Maxi Pereira (37’), Sidnei (40’ e 45’), Polga (62’) e Roberto (81’).

Vermelho

Sidnei (45’).

Golos

0-1, por Salvio, aos 15’; 0-2, por Gaitán, aos 63’.

Notícia actualizada às 23h12
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