China ultrapassou o Japão em 2010 e passou a ser a segunda maior economia do mundo

Foto
A força da indústria lidera criação de riqueza na China BOBBY YIP/REUTERS

Os analistas estimam que no espaço de uma década a dimensão económica chinesa possa ser maior do que a dos Estados Unidos, a maior potência do mundo

O Japão deixou de ser a segunda maior potência económica do mundo. Em 2010, foi ultrapassado pela China, que há poucos anos tinha ultrapassado em dimensão a economia germânica e que vinha agora ameaçando o posto do Império do Sol Nascente.

Ontem, o Governo nipónico reve- lou que o produto interno bruto (PIB) tinha ascendido, no ano passado, a um valor acumulado de 5,474 biliões (milhões de milhões) de dólares - o equivalente a 4,055 biliões de euros. Foi também em Tóquio que surgiu a estimativa de que o PIB chinês atingiu a soma de 5,774 biliões de dólares. A confirmação da troca de posições entre os dois gigantes asiáticos.

A maior economia do mundo (os Estados Unidos da América) terá fechado 2010 com um volume de riqueza produzida de 14,6 biliões de dólares.

Estes dados podem ser lidos sem contexto. A economia dos Estados Unidos tem como suporte uma população de pouco mais de 300 milhões de pessoas, enquanto a chinesa assenta em 1300 milhões de pessoas. Por isso é que o PIB per capita chinês é, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), de 7500 dólares, enquanto o dos Estados Unidos está perto dos 47 mil dólares. O do Japão ultrapassa ligeiramente os 33 mil dólares.

Também não se pode esquecer que a medição da dimensão económica da China é feita num cenário de subavaliação da moeda local. Uma valorização do yuan face às restantes divisas internacionais poderá dar um novo empurrão que aproxime substancialmente o nível de riqueza da economia chinesa da americana, quando expressa em dólares.

Os resultados divulgados ontem em Tóquio evidenciam um crescimento do PIB chinês na ordem dos 10,3 por cento, em 2010, enquanto o do Japão subiu 3,9 por cento em termos nominais (antes de considerados os efeitos da inflação a ajustamentos sazonais).

Duramente atingida pela recessão económica mundial em 2008 e 2009, a economia do Japão recuperou em 2010, mas não o suficiente para o arquipélago conservar a sua segunda posição à frente da China, que regista há anos taxas de crescimento anuais próximas ou mesmo superiores a dez por cento.

Por outro lado, o Japão foi, no ano passado, muito afectado pela queda de preços no mercado mundial, enquanto a China viveu um boom industrial sem precedentes, na sequência de políticas que após a crise financeira mundial visaram fazer aumentar o consumo interno.

Ontem, no rescaldo da divulgação destes resultados, a revista The Economist fez as contas e previu que a China ultrapasse os EUA em 2020 e se torne, assim, a maior economia do mundo. A tendência de crescimento desigual irá manter-se, pelo menos, até 2025, ano em que o PIB norte-americano ficará pouco acima dos 26 biliões de dólares e o chinês perto dos 50 biliões de dólares.

Esta evolução decorre do facto de se manterem previsões que as maiores economias ocidentais manterão, na próxima década, níveis médios de crescimento de 2/2,5 por cento ao ano, enquanto a economia chinesa deverá continuar com incrementos médios do produto interno bruto superiores a 7,5 por cento ao ano.

Os analistas andam muito próximos deste cenário. "É realista dizer que, no espaço de uma década, a eco- nomia chinesa deverá ter uma dimensão muito semelhante à da norte-americana", afirmou à BBC Tom Miller, da empresa de consultadoria Dragonomics, sediado em Pequim. "Mas é preciso não esquecer que o japonês médio é muito, mas muito mais rico do que o chinês médio", acrescentou o especialista.

O crescimento chinês não assusta os responsáveis japoneses. "Não estamos a trabalhar para o ranking, mas para melhorar a vida dos cidadãos", afirmou o ministro da Economia, Kaoru Yosano. Pelo contrário, o desenvolvimento da China é benéfico para o Japão, que beneficia do aumento do poder de compra dos chineses para aumentar as vendas de muitos dos seus produtos - equipamentos tecnológicos e veículos automóveis, principalmente. com José Manuel Rocha

Sugerir correcção