Ynvisible entra em bolsa com o objectivo de criar interactividade de baixo custo

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Um cartão desenvolvido com a tecnologia da Ynvisible

A Ynvisible, uma spin off da portuguesa YDreams, entra esta quarta-feira na bolsa de Frankfurt. O objectivo é massificar as superfícies interactivas.

A ideia surgiu há quatro anos e começou com uma investigação conjunta da YDreams e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. A ideia era desenvolver tecnologia para “conferir interactividade a diferentes materiais”, recorda a directora executiva da Ynvisible, Inês Henriques – e, sobretudo, fazê-lo com muito menos custos.

Alguns dos produtos que a YDreams já vende (como montras interactivas, por exemplo) são caros, porque implicam o recurso a computadores, ecrãs e projectores. “O objectivo era tentar explorar tecnologias que pudessem ser muito mais baratas e aplicadas de forma mais massiva”, explica a responsável.

Na sequência da investigação, foi constituída a empresa em 2010 e a entrada em bolsa dá-se agora tendo a YDreams como accionista principal e com investimento do grupo Semapa (que detém empresas como a Portucel e a Secil), do grupo CUF e de membros da Nersant, uma associação empresarial de Santarém.

A Ynvisible optou por usar materiais electrocrómicos, que são materiais que recorrem a processos químicos (e não digitais, como acontece num ecrã convencional) para criar imagens e alterá-las em resposta a estímulos – neste caso, em resposta a estímulos eléctricos.

Os ecrãs que a Ynvisible usa são de plástico flexível, com meio milímetro de espessura, e têm duas camadas de tinta electrocrómica.

No momento da impressão, a tinta electrocrómica pode ser usada para compor um qualquer tipo de imagem (um rosto, um gráfico, uma palavra, uma frase), como se fosse tinta convencional. Depois, uma carga eléctrica faz com que cada uma das camadas possa passar de uma cor para outra – e o processo pode ser revertido.

Esta mudança de cor permite que as duas imagens se alternem: quando uma é mostrada, a outra torna-se invisível (ou, pelo menos, mais esbatida). E é a alternância entre as duas imagens que cria o efeito de pequenas animações. No futuro, estes materiais poderão evoluir para suportar mais camadas e fazer animações mais complexas.

A interacção com o utilizador passa pelo sistema usado para dar início à corrente eléctrica que faz com que as camadas de tinta apareçam e desapareçam (os ecrãs funcionam com uma quantidade reduzida de energia e podem ser alimentados com uma pilha convencional). Pode ser usado um botão, um sensor de movimento ou qualquer outro dispositivo electrónico.

Num dos exemplos já desenvolvidos pela Ynvisible, abrir um postal de cartão activa o ecrã, onde as duas camadas de tinta se alternam, simulando, de forma básica e em tons de cinzento, os movimentos da chama de uma vela (o sistema é semelhante ao dos postais musicais, que tocam uma canção quando são abertos).

Por ora, a tecnologia já despertou o interesse de revistas, que querem fazer publicidade animada, uma experiência que já foi tentada por algumas publicações recorrendo tanto a tecnologia de tinta electrónica (como a que existe nos leitores de livros electrónicos) como a ecrãs muito finos. Outros potenciais clientes são as empresas de cartões de felicitações e empresas que produzem embalagens de produtos e que pretendem introduzir um elemento interactivo.

Com a redução do custo, porém, caem também “os níveis de interactividade”, admite Inês Henriques. “Para fazer mais barato, não conseguimos atingir os graus de complexidade que temos nos outros projectos”.

Os próximos passos para a Ynvisible são melhorar o processo de fabrico em larga escala (algo que está a ser feito com parceiros ingleses e alemães) e introduzir cores nas imagens, algo que já pode ser feito, mas que ainda não está suficientemente desenvolvido para que possa ser produzido e comercializado.

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