Sistema Internacional

As sete magníficas unidades de medida

Das sete unidades que compõem o Sistema Internacional, há quatro que podem vir a ser alvo de uma nova definição científica e outras três que se mantêm actuais. No primeiro grupo estão o ampere, o kelvin, a mole e o quilo; no segundo incluem-se a candela, o metro e o segundo. Mas o que significa cada um destes termos e de onde vieram? Apesar de muitos deles serem de uso comum e compreensão prática universal, as fórmulas que estão por trás conseguem, em alguns casos, deixar à beira do colapso até os cérebros mais vivaços. Se não, vejamos (atenção - o palavreado que se segue não é recomendável a espíritos sensíveis!):

Ampere - O ampere (A) deve o seu nome ao físico francês André-Marie Ampère e é uma unidade de medida da intensidade da corrente eléctrica. Quantitativamente, define-se como a corrente que produz uma força de atracção de 2x10-7 newton por metro de comprimento entre dois condutores rectos paralelos de comprimento infinito e secção circular desprezível colocados a um metro de distância um do outro no vácuo. Mas há uma proposta para mudar isto. O ampere é calculado em coulomb por segundo, uma informação verdadeiramente electrizante...

Candela - A palavra grega para "vela" dá nome à unidade de medida para a intensidade luminosa. Uma candela (cd) é a intensidade luminosa emitida por uma fonte, em dada direcção, de luz monocromática de frequência 540x1012 Hertz e cuja intensidade de radiação em tal direcção é de 1/683 watts por esterradiano. A parte desta definição que se consegue perceber é que essa frequência é percebida como luz verde, para a qual o olho humano possui a melhor capacidade de absorção.

Kelvin - O kelvin (K) é a unidade de grandeza da temperatura termodinâmica. Define-se como a fracção 1/273,16 da temperatura termodinâmica do ponto triplo da água e é utilizado para medir a temperatura absoluta de um objecto. O zero absoluto é 0 K (estudos mostram que, apesar de não ser possível definir teoricamente a temperatura máxima que um corpo pode alcançar, já o limite mínimo, o zero absoluto, não vai além dos -273,15 graus Celsius - trata-se de uma temperatura limite que não pode ser alcançada). O kelvin deve o seu nome ao físico e engenheiro irlandês William Thompson, que veio a ser o primeiro Lorde Kelvin.

Metro - Constitui, juntamente com o segundo e o quilograma, o trio de unidades do Sistema Internacional mais conhecidas. O metro (m), do grego "medida", mede o comprimento e é definido, desde 1983, como o comprimento do trajecto percorrido pela luz no vácuo, durante um intervalo de tempo de 1/299792458 de segundo. É esta a tradução moderna do valor calculado como a décima milionésima parte do quadrante de um meridiano terrestre, um comprimento que deu origem ao chamado "metro-padrão", uma barra de platina e irídio que repousa em França. E a quem os anos não parecem afectar.

Mole - A mole (mol) mede a quantidade de substância. A origem do termo é grega ("moles" = grande massa) e este foi introduzido na ciência pelo químico alemão August Wilhelm Hofmann. Foi inicialmente definida como o número de átomos existentes em 16g de oxigénio, que possui massa de 16g, mas desde 1960 que a sua fórmula é outra: mole é a quantidade de substância de um sistema que contém tantas entidades elementares quantos são os átomos contidos em 0,012kg de carbono 12. Mais tarde, acrescentou-se a informação de que os átomos de carbono 12 não estariam ligados por meio de ligações químicas, mas sim no seu estado fundamental - o que, naturalmente, ajuda imenso.

Quilograma - Originalmente definido como a massa de um litro de água desmineralizada a 15º C, o quilograma (kg) é a unidade de medida de massa. Acontece que o volume da água varia com o seu grau de pureza, pelo que se adoptou como padrão internacional um cilindro de platina e irídio. Só que este objecto está a perder massa com o tempo e os cientistas procuram agora alterar a definição de quilograma para que este possa ser representado por uma constante física. Há quatro propostas em cima da mesa (ver texto), mas nenhuma delas, claro, evita o recurso a números complicados.

Segundo - É usado para medir ângulos, mas a sua aplicação mais universal é como unidade de medida do tempo. Antes de 1960 era definido como o tempo que um raio de sol a pino leva para riscar a distância de 1/86400 da circunferência terrestre, ou seja, 462,962 metros na linha do Equador. Mas depois esta definição foi alterada para 1/31.556.925,9747 do tempo que levou a Terra a girar em torno do Sol a partir das 12 horas do dia 4 de Janeiro de 1900. Confusos? Não vale a pena. Com o desenvolvimento dos relógios atómicos tudo se tornou mais óbvio: o segundo (s) é a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do átomo de césio 133 (cuja temperatura termodinâmica seja igual a 0 K, acrescentou-se em 1997). Ou seja, mais ou menos 1/23 do tempo que leva a ler esta frase... L.F.

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