Casas recuperadas ficaram sem comprador

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SRU exclui hipótese de baixar o preço-base e "vender ao desbarato" ADRIANO MIRANDA

Concurso da SRU Porto Vivo para a venda de dez fracções (nove apartamentos e uma loja) na Rua de Mouzinho da Silveira ficou completamente deserto

Estava marcada para as dez horas de ontem a sessão de abertura dos envelopes com as propostas de compra das dez fracções que a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Porto Vivo recuperou e pôs à venda na Rua de Mouzinho da Silveira. Às dez em ponto, porém, apenas dois jornalistas esperavam pela cerimónia. Minutos depois, Rui Quelhas, administrador da SRU, comunicou que não haveria abertura de propostas - porque, pura e simplesmente, não havia proposta nenhuma para abrir.

Os nove apartamentos e uma loja do chamado Quarteirão do Corpo da Guarda, na Sé, continuam, assim, sem comprador. De acordo com Rui Quelhas, o conselho de administração da Porto Vivo terá agora que deliberar o que fazer, estando em cima da mesa quase todas as possibilidades, excepto a redução dos preços das casas, que vão dos 175 mil euros por um T1 sem garagem aos 310 mil euros por um T3 dúplex. "Baixar o preço está fora de questão. Não podemos vender ao desbarato, abaixo do preço de custo", garantiu o responsável pela SRU.

Aqueles valores, refira-se, correspondiam apenas aos valores mínimos de comercialização, uma espécie de base para a apresentação de propostas, prevendo o regulamento do concurso que as habitações seriam entregues à melhor proposta acima daquele montante. Com excepção do referido T1, todas as outras fracções dispõem de garagem, construída ao nível do segundo piso, com entrada pela Rua dos Pelames. A loja, com 82 metros quadrados, tinha como valor-base os duzentos mil euros. O concurso estava aberto a pessoas singulares, mas também a fundos de investimento imobiliário.

Rui Quelhas adiantou que a Porto Vivo pode agora fazer uma de quatro coisas: prolongar o prazo para a recepção de propostas; adoptar uma estratégia de comercialização mais agressiva e próxima do mercado; entregar a comercialização a uma agência imobiliária; ou mesmo optar pelo arrendamento com opção de compra ao fim de cinco anos, beneficiando do facto de, neste nicho de mercado, a procura exceder em muito a oferta.

Ainda mais difícil poderá ser encontrar as causas para o falhanço da operação de venda daquelas dez fracções. O factor preço pode ter pesado substancialmente, mas Rui Quelhas garante que os dois mil euros por metro quadrado pedidos estão a par daquilo que é cobrado em zonas menos interessantes da cidade. Por outro lado, a crise fez baixar a temperatura do mercado, mas Quelhas garante que as casas tiveram "imensos" interessados que quiseram visitá-las e que as restantes fracções do imóvel recuperado, de propriedade privada e postas à venda no mercado normal, já estão vendidas, provavelmente a preços mais altos, uma vez que tiveram mediação imobiliária. "Pode ter havido aqui um problema de comunicação", equaciona.

Refira-se que a última operação do género levada a cabo pela SRU, na Rua das Flores, a Porto Vivo recebeu mais propostas do que fogos disponíveis, pelo que as casas tiveram que ser sorteadas. Rui Quelhas adiantou ainda que a procura para as habitações do Quarteirão das Cardosas tem sido grande.

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