Portugal “está em risco de pedir ajuda externa”

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Lucas Jackson/Reuters

“Apesar das ofertas de ajuda da China e do Japão e do sucesso do último leilão de dívida, Portugal está em risco de pedir ajuda”, disse hoje Willem Buiter, economista-chefe do Citi e antigo responsável do Banco de Inglaterra, durante uma conferência em Lisboa.

O economista-chefe destaca que Portugal tem elevadas necessidades de refinanciamento até 2013, no total de 72 mil milhões de euros e que a pressão do mercado dificilmente deixará alternativa ao país. A agravar o cenário, a economia portuguesa não está a crescer, comprometendo a consolidação orçamental. O banco prevê que a economia nacional contraia entre 1 a 1,5 por cento este ano, em linha com as previsões de várias organizações interncionais e do próprio Banco de Portugal.

Willem Buiter criticou ainda a forma como o Governo português procedeu à redução do défice este ano, recorrendo a receitas extraordinárias como a transferência dos fundos de pensões da Portugal Telecom para o Estado. “Os mercados ficaram com dúvidas sobre quão sério é o esforço de consolidação sem puras medidas de cosmética como a transferência dos fundos da PT", salienta.

Ainda assim, o economista-chefe considera que o Governo português está a tomar agora as medidas necessárias. Mas realça: “estas medidas terão de ser sustentadas durante vários anos”. “A consolidação orçamental tem de acontecer, senão Portugal será morto pelos mercados”, conclui.

Fundo europeu é uma “pistola de água”

O responsável do Citi considera que a única forma de travar a crise da dívida soberana é criar um mecanismo para financiar todos os países que for necessário, “mas de tal forma grande que os mercados não tenham mais receio”.

Para Willem Buiter, o actual Fundo Europeu de Estabilização Financeira, que auxiliou a Grécia e a Irlanda, “é uma pistola de água”, não sendo suficiente para criar tranquilidade nos mercados.

O economista-chefe considera que “o melhor mecanismo financeiro é aquele que não é usado” e, para isso, é preciso que tenha uma grande dimensão, na ordem dos dois milhões de milhões de euros.

EUA e Japão em risco

Para Willem Buiter, “nenhum dos países do G7 ou do G20 está automaticamente a salvo do risco de crédito” e as próximas vítimas poderão ser os EUA e o Japão.

O economista-chefe do Citigroup recorda que a Europa está, actualmente, numa posição orçamental melhor do que os EUA e o Japão, mas que, nos próximos tempos, os mercados se irão aperceber disso e começar a penalizar também as duas potências económicas.

Willem Buiter considera ainda que a zona euro dificilmente conseguirá sair da actual crise sem proceder a reestruturações da dívida nos países periféricos, como a Grécia, a Irlanda, Portugal ou Espanha.

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