Barroso criticado por receber Presidente do Uzbequistão

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Durão Barroso sob fogo cruzado das ONGs Reuters

Activistas dos direitos humanos lembram massacre de Andijan, onde morreram centenas de pessoas

Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, está sob o fogo de várias organizações de defesa dos Direitos Humanos por ter aceite receber, na segunda-feira, em Bruxelas, o Presidente do Uzbequistão, Islam Karimov, responsável pelo massacre de centenas de manifestantes na cidade de Andijan, em 2005.

As críticas das organizações não-governamentais são tanto mais violentas quando Herman Van Rompuy, o presidente do Conselho Europeu (que reúne os chefes de Estado ou de Governo da UE) optou por declinar o pedido de Karimov para um encontro, oficialmente por "problemas de agenda".

Um porta-voz da Comissão explica que a reunião se realiza por iniciativa de Karimov e que terá como tema principal a assinatura de um acordo para o desenvolvimento das relações energéticas. "O Uzbequistão é o único país desta zona da Ásia com o qual a UE ainda não assinou um acordo deste tipo", explicou. Além disso, precisou, os líderes da UE decidiram em 2007, e confirmaram em 2010, acabar com o "isolamento político" a que tinham votado o Uzbequistão depois de Andijan, preferindo desenvolver um "diálogo crítico" sobre os direitos humanos e as reformas internas. Durão Barroso, sublinhou o mesmo porta-voz, tem a intenção de colocar estes temas "bem alto na agenda".

Andrew Stroehlein, do International Crisis Group, considera que um encontro com Karimov é mais grave do que as reuniões a vários níveis que a UE mantém regularmente com países como a China, até porque "as coisas em Pequim estão a evoluir". "A China é hoje um país muito diferente de há vinte anos. O Uzbequistão é o mesmo ou, como consideram alguns, ainda pior", justificou. "Com o Uzbequistão, a UE tem uma possibilidade de escolha: relacionar-se e legitimar o ditador, ou mostrar o seu apoio (...) às pessoas que vivem sob a repressão de Karimov".

Bert Staes, eurodeputado belga, sublinhou, em nome do grupo parlamentar dos Verdes, no Parlamento Europeu, que "o momento da visita não poderia ser pior, com a UE a condenar outra ditadura na Bielorrússia [boicotando a cerimónia de tomada de posse de Lukashenko] e a saudar a queda do regime de Ben Ali na Tunísia". "A mensagem enviada é contraditória e reflecte a inconsistência da política externa da UE", criticou.

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