A partir do Verão, os carros mais poluentes não entram na Baixa
Medida inédita para Lisboa já vigora em diversas cidades da Europa. Emergências e residentes são excepções
Os veículos mais poluentes vão ser proibidos de entrar na Baixa a partir do Verão, anunciou ontem Fernando Nunes da Silva, vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa e especialista em transportes. As únicas excepções à regra são os carros dos residentes e os veículos de emergência.
O objectivo é que a zona mais castigada pela poluição, a Avenida da Liberdade, passe a cumprir as normas europeias de poluição atmosférica. Assim, as viaturas que não tenham motores pelo menos da categoria Euro I no que respeita à emissão de partículas só poderão circular na Baixa ao fim-de-semana. Estes carros não têm catalisador, peça que faz o tratamento das emissões poluentes. O seu fabrico data de há cerca de duas décadas. "Nem sequer sabia que ainda havia carros destes a circularem", reage o presidente do Automóvel Clube de Portugal, Carlos Barbosa, que apoia a medida. "Serão sobretudo táxis e carrinhas de distribuição muito velhinhas a serem afectadas".
Segundo o vereador Nunes da Silva, metade da poluição que existe no eixo Avenida da Liberdade-Baixa é produzida por este tipo de veículos. Daí a necessidade de criação de uma zona de baixa emissão de poluentes, à semelhança do que já existe noutras cidades europeias. "Eu e o presidente da câmara tropeçámos numa notícia que dizia que todas as cidades alemãs iam introduzir este conceito", contou Nunes da Silva.
Autocarro velho não entra
O controlo das entradas na Baixa deverá ser feito através de operações stop, embora mais tarde possa ser criado um sistema de "selos verdes" para os carros. Se a inspecção de veículos funcionasse em condições, o problema das emissões de partículas poluentes em excesso nem sequer se punha, referiu ainda o vereador. A Carris também não vai poder continuar a ter as viaturas mais antigas na Baixa, admitiu, acrescentando que a frota da empresa tem muitas viaturas cumpridoras das novas exigências.Nunes da Silva falava numa conferência de imprensa destinada a fazer o balanço da pavimentação de ruas em 2010 e a anunciar as intervenções previstas para 2011. Ficou a saber-se que 44 dos 204 arruamentos que deviam ter sido reparados no ano passado ficaram por arranjar, embora em contrapartida tivessem sido intervencionadas 20 artérias que não estavam programadas. O surgimento de imprevistos e o atraso no desbloqueamento das verbas do orçamento camarário de 2010 foram as razões invocadas pelo vereador para o sucedido.
Em 2011, o autarca espera gastar 7,5 milhões de euros a tapar mais buracos e a pavimentar mais ruas, e mais milhão e meio para reparar canalizações no subsolo. A Câmara de Lisboa vai escolher duas ruas para testar a eficácia de duas novas massas asfálticas para tapar buracos, uma de fabrico norte-americano e outra de origem holandesa (ver texto abaixo).