Jean-Bertrand Aristide também quer regressar ao Haiti

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Jean-Bertrand Aristide foi deposto no golpe militar de 2004 Amy Goodman/Reuters

O antigo Presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide, deposto no golpe militar de 2004, afirmou estar pronto a regressar ao país natal, à semelhança do que há três dias foi feito por Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier, sucessor do regime ditatorial do seu pai, François “Papa Doc” Duvalier.

Exilado na África do Sul, Aristide – que foi o primeiro Presidente democraticamente eleito no Haiti, em 1991 – mantém desde há muito ter sido afastado do poder sob pressão dos Estados Unidos e França, e que o seu regresso é desejado pela população.

“Desde há seis anos e meio que o povo haitiano não pára de exigir que volte ao Haiti”, afirma o antigo Presidente, num comunicado divulgado hoje pela agencia noticiosa francesa AFP. “E no que me diz respeito, estou disposto a fazê-lo. Uma vez mais, estou pronto a partir hoje mesmo, amanhã, não importa quando”, prosseguiu.

Esta declaração surge três dias após “Baby Doc” ter voltado de surpresa ao Haiti, afirmando que quer “ajudar o país” – e o seu advogado, Henri-Robert Sterlin, ter ontem confirmado que o antigo ditador pretende regressar à vida política, admitindo mesmo a hipótese de se candidatar se forem convocadas novas eleições presidenciais, para resolver o actual impasse no país, causado com a contestação dos resultados da primeira volta de 28 de Novembro.

Isto apesar de pelo menos quatro pessoas terem entretanto apresentado queixas-crime com “Baby Doc”, incluindo a jornalista e ex-porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, Michèle Montas, dois antigos prisioneiros políticos do regime de Duvalier e ainda a opositora Nicole Magloire.

Aristide garantiu que o seu eventual regresso ao Haiti tem um objectivo “claro”. “Quero contribuir na ajuda aos meus irmãos e irmãs haitianos, como simples cidadãos, na área da educação. E, ao mesmo tempo tal é indispensável por razões médicas, pois foi-me fortemente desaconselhado passar o próximo Inverno [austral] na África do Sul, uma vez que em seis anos tive que ali ser operado aos olhos seis vezes”, explicou o antigo Presidente, hoje com 57 anos.

Um advogado que está a apoiar Aristide neste processo, a partir dos Estados Unidos, revelou que as autoridades haitianas lhe recusaram a renovação de passaporte como cidadão do Haiti.

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