Benefícios para o estuário do Tejo

Equilíbrio será rápido e eventualmente trará mais biodiversidade

Para Maria José Costa, bióloga no Centro de Oceanografia e professora catedrática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a situação do Tejo na zona de Lisboa é considerada "grave", embora admita que "podia estar pior".

"Acontece que o estuário, por ser dos maiores da Europa, tem um grande hidrodinamismo, que o favorece, e com a ausência de descargas directas deverá favorecer a sua biodiversidade. Julgo que no prazo de um ano vamos ter um equilíbrio, uma resposta rápida dos ecossistemas", disse a investigadora, doutorada em Ecologia Animal.

Mas se o estuário poderá dar essa boa resposta, ainda que o fenómeno tenda a ser localizado e não generalizado - diz a bióloga que assim acontece na zona do Parque das Nações, intervencionada para a realização da Expo "98 -, o mesmo não significa que deixe de estar poluído. "É preciso realizar estudos experimentais sobre o que vai acontecer. É preciso ter cuidado com as lamas, que não devem ser mexidas, pois podem ter metais pesados", alerta, admitindo que aqueles poluentes podem ter corrido pelos esgotos. "Tudo depende do que as pessoas atiram fora pelos seus vazadouros domésticos", especificou Maria José Costa. Muito sensíveis aos poluentes são as comunidades bentónicas (organismos associados aos sedimentos, caso de muitas espécies de bivalves). "Só podem melhorar, mesmo que haja espécies muito resistentes", esclarece, afirmando ainda que a comunidade piscícola tem encontrado mais problemas com as barragens do que com os focos de poluição: "Os sáveis, ou as lampreias, querem regressar aos locais onde nasceram e não conseguem." C.F.

Sugerir correcção