Buracos nas ruas de Lisboa vão experimentar lifting americano

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Reparar com massa asfáltica em alturas de humidade não resulta, diz vereador Nunes da Silva Enric Vives-Rubio

Betume especial vindo do lado de lá do Atlântico vai ser posto à prova nas ruas da capital portuguesa durante o Inverno. Produto é cinco vezes mais caro do que o usado até agora

A Câmara de Lisboa vai experimentar um betume especial de fabrico norte-americano para tapar os buracos das ruas no Inverno.

Segundo o vereador da Mobilidade, Nunes da Silva, o problema das massas asfálticas actualmente usadas para esse fim é a sua falta de aderência em condições de humidade. "Há buracos tapados na semana passada que já estão a precisar outra vez de reparação", queixou-se na reunião de câmara de ontem. Usado do lado de lá do Atlântico e também no Norte da Europa, o novo betume funciona como uma espécie de supercola, explicou o autarca: funde as camadas superiores das duas superfícies a unir, criando uma espécie de liga. "Vamos escolher uma rua para fazer a experiência. Em metade dela aplicaremos a massa asfáltica tradicional, e na outra metade o novo produto. No final do Inverno veremos qual aguentou mais tempo", adiantou.

Foram os representantes do novo betume a contactar a autarquia, prometendo maior durabilidade. O custo, esse, também é bastante superior: 50 euros por cada pacote de 25 quilos, contra os dez da massa asfáltica usada habitualmente. Quer um, quer outro são depois misturados com brita. No Verão o problema da aderência não se põe, refere Nunes da Silva, pelo que o município pode continuar a usar a massa asfáltica quente. No Inverno só as massas frias proporcionam maior aderência, ainda assim insuficiente.

Dentro de poucos dias o vereador fará o balanço da reconstrução e repavimentação de ruas durante 2010 - em Março desse ano, Nunes da Silva anunciou um investimento de 8,8 milhões de euros nesta área. "Ainda hoje [ontem] foram tapados buracos na Avenida Infante Santo e na Artilharia Um", disse.

Túnel no Marquês? Em 2012

Paradas continuam ainda as obras destinadas à abertura do último troço do túnel do Marquês de Pombal, que desagua na Av. António Augusto de Aguiar. A sua abertura ainda deve demorar um ano, uma vez que o Metropolitano de Lisboa está desde o Verão a analisar o projecto destinado a desviar os cabos de sinalização do tráfego de carruagens, trabalho sem o qual o túnel não pode avançar, disse Nunes da Silva.

Como a alteração da localização dos cabos só pode ser feita durante três horas por noite, para não interromper a circulação do metro, só esta operação irá demorar três a quatro meses. "Tenho esperança de que até ao final de 2011 este troço do túnel possa abrir", observou o vereador da Mobilidade. "Amanhã [hoje] vou telefonar ao administrador do Metropolitano nomeado pela câmara, porque pensei que o desvio dos cabos já tivesse sido iniciado." Os vereadores do PSD colocaram ontem no local um cartaz que diz: "Tanto tempo passado e o túnel ainda tapado. Inaceitável!"

Frente Tejo adiada

A reunião de ontem ficou ainda marcada pelo adiamento da votação de duas matérias controversas, a entrada do município na Sociedade Frente Tejo, cujo capital é por enquanto exclusivamente do Estado, e a aplicação de verbas do Programa de Investimento Prioritário em Acções de Reabilitação Urbana (PIPARU). O CDS-PP pôs em causa a legalidade da forma como a autarquia pretende associar-se à Frente Tejo, um reparo que foi repetido por outros vereadores da oposição.

"A lei obriga à apresentação de estudos de viabilidade, sob pena de a decisão ser ilegal e de quem a toma ser responsabilizado financeiramente", sublinhou António Carlos Monteiro. Para Ruben de Carvalho (PCP) não há sequer necessidade de o município efectuar esta operação, uma vez que as operações urbanísticas efectuadas pela Frente Tejo carecem sempre de autorização camarária.

A oposição contestou também a intenção dos socialistas que governam a autarquia de investir na reabilitação urbana de praças e outros espaços públicos em detrimento da recuperação dos prédios de habitação.

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