Krugman: emissão de dívida de ontem foi “pouco menos que ruinosa”

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Paul Krugman perspectiva deflação em Portugal Tim Shaffer/ Reuters

A taxa de juro de 6,7 por cento a que o Governo colocou ontem Obrigações do Tesouro a dez anos no mercado é “pouco menos de ruinosa”, de acordo com o economista liberal Paul Krugman.

Aquilo que o Governo português classificou ontem como “um sucesso atendendo às circunstâncias”, pela voz do ministro das Finanças, “diz alguma coisa sobre o desespero total da situação europeia”, na opinião de Krugman, Prémio Nobel da Economia em 2008 e que esteve em Portugal nos anos imediatos à Revolução de 1974.

Estas afirmações surgiram numa entrada no blogue deste economista no sítio electrónico do diário norte-americano The New York Times, onde qualifica como “pírrico” o leilão de obrigações de ontem e diz: “Mais uns sucessos como este e a periferia europeia será destruída.”

A razão por que Krugman considera ruinosa a taxa de ontem tem a ver com a perspectiva do “fardo do pagamento de juros crescentes sobre uma economia que provavelmente enfrentará anos de uma deflação opressora” devido à dívida.

Portugal fez ontem o primeiro leilão deste ano de Obrigações do Tesouro, conseguindo colocar quase totalidade dos 1250 milhões de euros que pretendia, tendo no caso das obrigações a dez anos os juros descido ligeiramente, para 6,716 por cento (face a 6,806 por cento na emissão anterior), mas subido 33,5 por cento para o prazo de quatro anos, para 5,396 por cento.

O ministro das Finanças disse há alguns meses que juros de sete por cento poderiam justificar o recurso a ajuda financeira externa, mas ontem classificou o leilão de dívida dizendo que “na conjuntura actual é um sucesso”.

Os juros das obrigações a dez anos estiveram várias vezes acima de sete por cento nos mercados secundários, mas nos últimos dias recuaram. Hoje estavam em 6,873 por cento às 9h33 na plataforma da agência Reuters.

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